quinta-feira, 18 de abril de 2013

A divisão do trabalho social cria a solidariedade

Bem diverso da solidariedade mecânica é o caso  da solidariedade produzida pela  divisão do trabalho. Enquanto  a solidariedade mecânica implica, sugere ,que os indivíduos se assemelham esta   se configura  na    diferença dos indivíduos. Na primeira  a personalidade do individuo é absorvida na personalidade coletiva ; a segunda  só é possível se  cada um tiver uma  esfera de ação própria, consequentemente  personalidade.  É necessário, pois, que a consciência coletiva deixe descoberta uma parte da consciência individual ,para   que nesta possa  se estabelecer essas funções  especiais que   ela, a consciência coletiva não consegue regulamentar,   e quanto maior  é essa  região, mais forte  é a coesão que resulta dessa solidariedade.. De fato , de um lado   cada um depende tanto mais estreitamente da sociedade quanto  mais dividido  for o trabalho nela  e, de outro , a atividade de  cada um é  tanto mais pessoal quanto for especializada. Sem dúvida , por mais circunscrita que  seja , ela nunca  é completamente original, mesmo  no exercício de nossa profissão, conformamo-nos a usos,  a práticas    que são comuns  a nós e a toda a nossa corporação.  Mas  mesmo nesse caso, o jugo que sofremos é muito menos pesado do que quando a sociedade inteira pesa sobre nós, e  ele propociona  muito mais espaço  para o livre    jogo de nossa iniciativa. Aqui, pois , a  individualidade do todo aumenta ao mesmo tempo  que o das  partes; a sociedade torna-se mais capaz de se mover em conjunto, ao mesmo tempo em que cada   um de seus elementos   tem mais movimentos própios. Essa solidariedade se assemelha  á que observamos entre os animais superiores. De fato, cada órgão ai tem  sua fisionomia especial, sua autonomia, e contudo a unidade do organismo é tanto maior quanto  mais acentuada essa individualização das partes. Devido a essa analogia, propomos chamar de orgânica a solidariedade devida á divisão do trabalho.

Fonte; Durkheim, Émile. Da divisão  do trabalho social. São Paulo:Martins Fontes,1999. P108

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