quinta-feira, 18 de abril de 2013

Empresário que vende infidelidade não sabe se perdoaria uma traição; entenda

Eduardo Borges, hoje com 28 anos, ganhou seu primeiro dinheiro aos 14. Morador de São José do Rio Preto, interior de SP, ele resolveu conciliar o conhecimento que tinha em web design e o interesse adolescente no mercado erótico. Fez um site que reunia filmes pornôs e recebeu 220 dólares de um anunciante.

“Quando meu pai descobriu, achou o máximo”, lembra. A empreitada durou só cinco meses, mas de alguma forma serviu de ponto de partida para a atual carreira do empresário. Após cursar administração, trabalhar no mercado financeiro e desistir da área, Borges viu a oportunidade de negócio quando foi morar no Canadá em 2010. Conheceu uma rede virtual de relacionamentos canadense diferente e decidiu trazê-la ao Brasil.

Desta vez, nem toda a família aprovou. Até hoje, por exemplo, não disse para a sogra exatamente o que faz.

Eduardo Borges administra o braço brasileiro do maior site mundial de encontros extraconjugais, o AshleyMadison.com . No ar desde 2002, a rede de infiéis se estende por 24 países, com 18 milhões de cadastrados. O Brasil foi o último a ingressar no negócio, depois de seis meses de insistência do empresário brasileiro.

Apesar do nome pouco amigável para os ouvidos brasileiros, dado em referência aos dois nomes mais comuns do hemisfério norte (Ashley e Madison), os números indicam que a plataforma fez sucesso por aqui: um milhão de brasileiros casados e traidores em potencial estão ligados ao site, o que faz Borges “viver” no avião, entre São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro, Curitiba, Belo Horizonte e Porto Alegre, as cidades líderes em cadastros.

“Estamos atrás apenas dos Estados Unidos, que concentram 9 milhões de usuários”, comemora. Os homens são maioria – 65%. Na faixa etária maior de 60, são 4 cadastros masculinos para cada um feminino. Mas entre os menores de 30, não há variação de gênero. Entre as mulheres, 33% são solteiras em busca de aventuras com casados.

A função do site é aproximar quem está próximo fisicamente e com tempo disponível para trair – não necessariamente com o mesmo perfil, como atuam os sites de namoro.

Apesar do cadastro gratuito, os homens precisam depositar dinheiro para mandar mensagens às casadas (ou solteiras) que despertaram interesse. Já para as mulheres, tudo pode sair de graça. “A não ser que ela queria ter prioridade em nossa lista. Se quiser ocupar as primeiras posições na busca, cobramos créditos também”, descreve, explicando como funciona a engrenagem que faz o lucro.

Segundo pesquisa feita com brasileiros, a paquera virtual termina em motel para 86% dos usuários do site.

Mesmo assim, o título de ‘vendedor de infidelidade’ não agrada. O empresário diz ter visão diferente sobre os infiéis. “Uma traição pode salvar um casamento”, acredita. Em entrevista ao Delas, Eduardo Borges - que namora firme há quatro anos - confessou que não sabe se ele próprio perdoaria uma traição. Mas diz que a profissão fez com que tivesse mais conhecimento para evitar ser traído.

Como brincadeira, cita duas conclusões – nada científicas – embasado nas informações do banco de dados do site.

“Numericamente, as cariocas do signo de gêmeos são maioria entre as cadastradas. Então, caso um dia eu me interessasse por uma, investigaria muito bem antes de sair com ela”.


O objetivo é suprir uma necessidade de aventura de forma sigilosa. Por isso, costumo dizer que a gente salva casamentos

Você faz da infidelidade um negócio, mas também costuma dizer que pode ser um mecanismo capaz de salvar um casamento. Qual é a proposta?
Eduardo Borges: Meu propósito é ajudar as pessoas. Óbvio, vivemos em um sistema capitalista e eu também quero ganhar dinheiro. Mas tenho outra avaliação sobre a infidelidade. Existem milhares de pessoas que estão pensando em divórcio e não querem tomar essa decisão porque ainda amam seus parceiros. O que mais vejo são casais que não fazem sexo há anos. Ele ou ela só querem matar esta vontade [sexual] . O site ajuda a encontrar uma pessoa que tem o mesmo interesse que o seu. O objetivo é suprir uma vontade, uma necessidade de aventura, de forma sigilosa, com a possibilidade de voltar a ficar bem com o seu parceiro. Por isso, costumo dizer que a gente salva casamentos.

Na sua avaliação, então, a traição só acaba com o casamento quando é descoberta?
Eduardo Borges: Não em 100% dos casos, porque tem gente que perdoa. Mas as chances de um casamento acabar quando a traição é descoberta são mais altas. O propósito é manter o sigilo. É promover o encontro entre duas pessoas que estão casadas e têm a mesma mentalidade. Não querem um namorado, não querem problema, investir em outro alguém e depois ser chantageado. É uma forma de aproximar quem tem interesses parecidos. Tenho vários exemplos de cadastrados que depois escrevem dizendo que foi a salvação do casamento.

Como vocês investem no sigilo?
Eduardo Borges: Se a pessoa cadastrada mora em uma cidade pequena temos mecanismos, que não divulgamos quais são, para reduzir o risco dela ser encontrada por alguém que mora em uma região próxima. No total, são sete pessoas que trabalham para o site brasileiro no Canadá. Elas são analistas de perfis, recebem denúncias quando alguma garota de programa faz o cadastro - já que este não é o propósito - e fazem também uma peneira para evitar menores de idade. Esta equipe organiza as informações. Temos a possibilidade de publicar as fotos caso o cadastrado deseje e também mapeamos se as fotografias são falsas, de artistas por exemplo. Também vetamos fotos nuas.


Um ano e meio depois da experiência no Brasil, o que mais surpreendeu?
Eduardo Borges: Sempre soube que o Brasil tinha potencial e o número de usuários cresceu muito, mesmo com a resistência para fazer publicidade. Mas o que me surpreendeu mesmo foi o número de mulheres solteiras que fizeram o cadastro. O objetivo do site é promover aproximação de casados, mas hoje 33% do nosso público feminino não estão em nenhum relacionamento. Entre eles, a porcentagem de solteiros é de 9%.

Há mais rejeição ou preferência dos casados pelas solteiras cadastradas?
Eduardo Borges: Olha, eu diria que essa objeção [às solteiras] existe por parte dos homens espertos. Mas homem não tende a ser esperto na hora da traição. Ele quer sexo. Apareceu uma mulher maravilhosa querendo fazer sexo com ele, é difícil ele dizer: ‘desculpa, você é solteira e pode me dar problema’. Eu diria que o mais indicado é trair com outra mulher casada, o propósito do site. Mas nem sempre os cadastrados se comportam assim.

A maior motivação dos cadastrados é o desejo sexual?

Eduardo Borges: Sim. O homem quer coisas novas na cama, procura alguém para fazer o que nunca fez e tem medo de pedir [à companheira], ou simplesmente quer uma mulher diferente para ter relação sexual. Já as mulheres, em geral, dizem trair por falta de diálogo em casa ou por vingança. Vingança não só porque foi traída, mas porque não gostam do jeito que são tratadas, com indiferença.

Trabalhando com isso, você mudou o seu conceito de traição?

Eduardo Borges: Talvez sobre a traição feminina. Eu sempre tive consciência de que o homem traía bastante, mas a mulher ainda tende a surpreender. Talvez eu não esperasse tantos cadastros femininos, apesar de sempre defender que a mulher tem desejo e vontade como o homem.

Edu Cesar
Eduardo virou consultor informal nas mesas de bar: "sempre me pedem conselhos"
E o seu conceito sobre fidelidade, mudou?
Eduardo Borges: (Pausa) Sim, no sentido do que eu preciso fazer para manter a relação. Por exemplo, hoje eu sei o que eu preciso fazer para a minha namorada não ter vontade de me trair. Estou mais esperto, mais atento, para a minha mulher continuar sendo fiel a mim. Sei o quanto elas ficam sensíveis quando não são ouvidas ou deixadas de lado. Passei a prestar mais atenção a isso.

Este “know how” fez você virar uma espécie de consultor dos amigos?

Eduardo Borges: Tenho certeza que sim. Quando chego em uma mesa de bar, já começam as perguntas. Se há uma pessoa nova na rodinha, meus amigos dizem o que eu faço e o assunto predominante são os pedidos de conselhos.

Os homens te perguntam mais como trair ou como não ser traído?

Eduardo Borges: Como trair (diz bem baixinho) .

E as mulheres?

Eduardo Borges: [Elas perguntam] Por que os homens traem. É curioso isso. Mulher tem a ilusão de que vai existir o homem perfeito pra ela. Ela acha que se ele for perfeito, não vai trair. Mas não é só isso. São vários motivos. Se eles nunca conversaram sobre sexo, ele pode estar insatisfeito – e também erra ao não dizer isso a ela. Parece que está tudo bem, mas não está. Ele precisa de algo na cama, ela acha que não, ele vai e procura a traição. O homem também comete essa falha. Mas mulheres tendem a reclamar mais com o parceiro e expõem mais quando algo está incomodando. O homem tende a não falar sobre o que incomoda com relação ao sexo.

Você namora há quatro anos e eu preciso perguntar: como contou para a sua sogra sobre a sua profissão?

Eduardo Borges: Eu não contei. Ela já deve ter lido uma entrevista minha, mas nunca falamos abertamente sobre o que eu faço. Ela sabe que eu tenho um site de relacionamento. Relacionamentos extraconjugais. Ponto. Esse é meu trabalho. Nunca dei detalhes

Divulgação
Kezia Noble, expert em sedução, dá dicas para conquistar mulheres

E a sua namorada?

Eduardo Borges: Temos uma ótima relação e ela sabe que eu gosto de investir em coisas novas. Sempre converso com ela sobre os meus planos. Mas precisei dialogar quando tive a ideia de trazer o site para o Brasil. Dialogamos muito. Uso a minha argumentação de sempre. São ‘business’. Eu não trabalho com sexo, eu não vendo sexo. Eu trabalho num negócio. Eu dei sorte de ter uma pessoa que me apoia.

Se acontecer uma traição no seu relacionamento hoje, você agiria como?

Eduardo Borges: A traição tem um defeito nas duas pontas, em quem trai e em quem é traído. Hoje, depois dessa experiência, se eu fosse traído eu me perguntaria ‘por quê?’. Geralmente, as pessoas procuram culpar quem traiu, buscam outros culpados. Por isso culpam o site pela traição. Então, se for assim, tem que culpar o dono do motel também. Bom, sem fugir da pergunta: se eu for traído, vou passar um bom tempo refletindo. Se vou perdoar ou não, é outra questão. Na minha concepção, eu acho que não. Ninguém quer ser traído.


IG
Eduardo Borges, hoje com 28 anos, ganhou seu primeiro dinheiro aos 14. Morador de São José do Rio Preto, interior de SP, ele resolveu conciliar o conhecimento que tinha em web design e o interesse adolescente no mercado erótico. Fez um site que reunia filmes pornôs e recebeu 220 dólares de um anunciante.

“Quando meu pai descobriu, achou o máximo”, lembra. A empreitada durou só cinco meses, mas de alguma forma serviu de ponto de partida para a atual carreira do empresário. Após cursar administração, trabalhar no mercado financeiro e desistir da área, Borges viu a oportunidade de negócio quando foi morar no Canadá em 2010. Conheceu uma rede virtual de relacionamentos canadense diferente e decidiu trazê-la ao Brasil.

Desta vez, nem toda a família aprovou. Até hoje, por exemplo, não disse para a sogra exatamente o que faz.

Eduardo Borges administra o braço brasileiro do maior site mundial de encontros extraconjugais, o AshleyMadison.com . No ar desde 2002, a rede de infiéis se estende por 24 países, com 18 milhões de cadastrados. O Brasil foi o último a ingressar no negócio, depois de seis meses de insistência do empresário brasileiro.

Apesar do nome pouco amigável para os ouvidos brasileiros, dado em referência aos dois nomes mais comuns do hemisfério norte (Ashley e Madison), os números indicam que a plataforma fez sucesso por aqui: um milhão de brasileiros casados e traidores em potencial estão ligados ao site, o que faz Borges “viver” no avião, entre São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro, Curitiba, Belo Horizonte e Porto Alegre, as cidades líderes em cadastros.

“Estamos atrás apenas dos Estados Unidos, que concentram 9 milhões de usuários”, comemora. Os homens são maioria – 65%. Na faixa etária maior de 60, são 4 cadastros masculinos para cada um feminino. Mas entre os menores de 30, não há variação de gênero. Entre as mulheres, 33% são solteiras em busca de aventuras com casados.

A função do site é aproximar quem está próximo fisicamente e com tempo disponível para trair – não necessariamente com o mesmo perfil, como atuam os sites de namoro.

Apesar do cadastro gratuito, os homens precisam depositar dinheiro para mandar mensagens às casadas (ou solteiras) que despertaram interesse. Já para as mulheres, tudo pode sair de graça. “A não ser que ela queria ter prioridade em nossa lista. Se quiser ocupar as primeiras posições na busca, cobramos créditos também”, descreve, explicando como funciona a engrenagem que faz o lucro.

Segundo pesquisa feita com brasileiros, a paquera virtual termina em motel para 86% dos usuários do site.

Mesmo assim, o título de ‘vendedor de infidelidade’ não agrada. O empresário diz ter visão diferente sobre os infiéis. “Uma traição pode salvar um casamento”, acredita. Em entrevista ao Delas, Eduardo Borges - que namora firme há quatro anos - confessou que não sabe se ele próprio perdoaria uma traição. Mas diz que a profissão fez com que tivesse mais conhecimento para evitar ser traído.

Como brincadeira, cita duas conclusões – nada científicas – embasado nas informações do banco de dados do site.

“Numericamente, as cariocas do signo de gêmeos são maioria entre as cadastradas. Então, caso um dia eu me interessasse por uma, investigaria muito bem antes de sair com ela”.


O objetivo é suprir uma necessidade de aventura de forma sigilosa. Por isso, costumo dizer que a gente salva casamentos

Você faz da infidelidade um negócio, mas também costuma dizer que pode ser um mecanismo capaz de salvar um casamento. Qual é a proposta?
Eduardo Borges: Meu propósito é ajudar as pessoas. Óbvio, vivemos em um sistema capitalista e eu também quero ganhar dinheiro. Mas tenho outra avaliação sobre a infidelidade. Existem milhares de pessoas que estão pensando em divórcio e não querem tomar essa decisão porque ainda amam seus parceiros. O que mais vejo são casais que não fazem sexo há anos. Ele ou ela só querem matar esta vontade [sexual] . O site ajuda a encontrar uma pessoa que tem o mesmo interesse que o seu. O objetivo é suprir uma vontade, uma necessidade de aventura, de forma sigilosa, com a possibilidade de voltar a ficar bem com o seu parceiro. Por isso, costumo dizer que a gente salva casamentos.

Na sua avaliação, então, a traição só acaba com o casamento quando é descoberta?
Eduardo Borges: Não em 100% dos casos, porque tem gente que perdoa. Mas as chances de um casamento acabar quando a traição é descoberta são mais altas. O propósito é manter o sigilo. É promover o encontro entre duas pessoas que estão casadas e têm a mesma mentalidade. Não querem um namorado, não querem problema, investir em outro alguém e depois ser chantageado. É uma forma de aproximar quem tem interesses parecidos. Tenho vários exemplos de cadastrados que depois escrevem dizendo que foi a salvação do casamento.

Como vocês investem no sigilo?
Eduardo Borges: Se a pessoa cadastrada mora em uma cidade pequena temos mecanismos, que não divulgamos quais são, para reduzir o risco dela ser encontrada por alguém que mora em uma região próxima. No total, são sete pessoas que trabalham para o site brasileiro no Canadá. Elas são analistas de perfis, recebem denúncias quando alguma garota de programa faz o cadastro - já que este não é o propósito - e fazem também uma peneira para evitar menores de idade. Esta equipe organiza as informações. Temos a possibilidade de publicar as fotos caso o cadastrado deseje e também mapeamos se as fotografias são falsas, de artistas por exemplo. Também vetamos fotos nuas.


Um ano e meio depois da experiência no Brasil, o que mais surpreendeu?
Eduardo Borges: Sempre soube que o Brasil tinha potencial e o número de usuários cresceu muito, mesmo com a resistência para fazer publicidade. Mas o que me surpreendeu mesmo foi o número de mulheres solteiras que fizeram o cadastro. O objetivo do site é promover aproximação de casados, mas hoje 33% do nosso público feminino não estão em nenhum relacionamento. Entre eles, a porcentagem de solteiros é de 9%.

Há mais rejeição ou preferência dos casados pelas solteiras cadastradas?
Eduardo Borges: Olha, eu diria que essa objeção [às solteiras] existe por parte dos homens espertos. Mas homem não tende a ser esperto na hora da traição. Ele quer sexo. Apareceu uma mulher maravilhosa querendo fazer sexo com ele, é difícil ele dizer: ‘desculpa, você é solteira e pode me dar problema’. Eu diria que o mais indicado é trair com outra mulher casada, o propósito do site. Mas nem sempre os cadastrados se comportam assim.

A maior motivação dos cadastrados é o desejo sexual?
Eduardo Borges: Sim. O homem quer coisas novas na cama, procura alguém para fazer o que nunca fez e tem medo de pedir [à companheira], ou simplesmente quer uma mulher diferente para ter relação sexual. Já as mulheres, em geral, dizem trair por falta de diálogo em casa ou por vingança. Vingança não só porque foi traída, mas porque não gostam do jeito que são tratadas, com indiferença.

Trabalhando com isso, você mudou o seu conceito de traição?
Eduardo Borges: Talvez sobre a traição feminina. Eu sempre tive consciência de que o homem traía bastante, mas a mulher ainda tende a surpreender. Talvez eu não esperasse tantos cadastros femininos, apesar de sempre defender que a mulher tem desejo e vontade como o homem.

Edu Cesar
Eduardo virou consultor informal nas mesas de bar: "sempre me pedem conselhos"

E o seu conceito sobre fidelidade, mudou?
Eduardo Borges: (Pausa) Sim, no sentido do que eu preciso fazer para manter a relação. Por exemplo, hoje eu sei o que eu preciso fazer para a minha namorada não ter vontade de me trair. Estou mais esperto, mais atento, para a minha mulher continuar sendo fiel a mim. Sei o quanto elas ficam sensíveis quando não são ouvidas ou deixadas de lado. Passei a prestar mais atenção a isso.

Este “know how” fez você virar uma espécie de consultor dos amigos?
Eduardo Borges: Tenho certeza que sim. Quando chego em uma mesa de bar, já começam as perguntas. Se há uma pessoa nova na rodinha, meus amigos dizem o que eu faço e o assunto predominante são os pedidos de conselhos.

Os homens te perguntam mais como trair ou como não ser traído?
Eduardo Borges: Como trair (diz bem baixinho) .

E as mulheres?
Eduardo Borges: [Elas perguntam] Por que os homens traem. É curioso isso. Mulher tem a ilusão de que vai existir o homem perfeito pra ela. Ela acha que se ele for perfeito, não vai trair. Mas não é só isso. São vários motivos. Se eles nunca conversaram sobre sexo, ele pode estar insatisfeito – e também erra ao não dizer isso a ela. Parece que está tudo bem, mas não está. Ele precisa de algo na cama, ela acha que não, ele vai e procura a traição. O homem também comete essa falha. Mas mulheres tendem a reclamar mais com o parceiro e expõem mais quando algo está incomodando. O homem tende a não falar sobre o que incomoda com relação ao sexo.

Você namora há quatro anos e eu preciso perguntar: como contou para a sua sogra sobre a sua profissão?
Eduardo Borges: Eu não contei. Ela já deve ter lido uma entrevista minha, mas nunca falamos abertamente sobre o que eu faço. Ela sabe que eu tenho um site de relacionamento. Relacionamentos extraconjugais. Ponto. Esse é meu trabalho. Nunca dei detalhes

Divulgação
Kezia Noble, expert em sedução, dá dicas para conquistar mulheres

E a sua namorada?
Eduardo Borges: Temos uma ótima relação e ela sabe que eu gosto de investir em coisas novas. Sempre converso com ela sobre os meus planos. Mas precisei dialogar quando tive a ideia de trazer o site para o Brasil. Dialogamos muito. Uso a minha argumentação de sempre. São ‘business’. Eu não trabalho com sexo, eu não vendo sexo. Eu trabalho num negócio. Eu dei sorte de ter uma pessoa que me apoia.

Se acontecer uma traição no seu relacionamento hoje, você agiria como?
Eduardo Borges: A traição tem um defeito nas duas pontas, em quem trai e em quem é traído. Hoje, depois dessa experiência, se eu fosse traído eu me perguntaria ‘por quê?’. Geralmente, as pessoas procuram culpar quem traiu, buscam outros culpados. Por isso culpam o site pela traição. Então, se for assim, tem que culpar o dono do motel também. Bom, sem fugir da pergunta: se eu for traído, vou passar um bom tempo refletindo. Se vou perdoar ou não, é outra questão. Na minha concepção, eu acho que não. Ninguém quer ser traído.
IG
Eduardo Borges, hoje com 28 anos, ganhou seu primeiro dinheiro aos 14. Morador de São José do Rio Preto, interior de SP, ele resolveu conciliar o conhecimento que tinha em web design e o interesse adolescente no mercado erótico. Fez um site que reunia filmes pornôs e recebeu 220 dólares de um anunciante.

“Quando meu pai descobriu, achou o máximo”, lembra. A empreitada durou só cinco meses, mas de alguma forma serviu de ponto de partida para a atual carreira do empresário. Após cursar administração, trabalhar no mercado financeiro e desistir da área, Borges viu a oportunidade de negócio quando foi morar no Canadá em 2010. Conheceu uma rede virtual de relacionamentos canadense diferente e decidiu trazê-la ao Brasil.

Desta vez, nem toda a família aprovou. Até hoje, por exemplo, não disse para a sogra exatamente o que faz.

Eduardo Borges administra o braço brasileiro do maior site mundial de encontros extraconjugais, o AshleyMadison.com . No ar desde 2002, a rede de infiéis se estende por 24 países, com 18 milhões de cadastrados. O Brasil foi o último a ingressar no negócio, depois de seis meses de insistência do empresário brasileiro.

Apesar do nome pouco amigável para os ouvidos brasileiros, dado em referência aos dois nomes mais comuns do hemisfério norte (Ashley e Madison), os números indicam que a plataforma fez sucesso por aqui: um milhão de brasileiros casados e traidores em potencial estão ligados ao site, o que faz Borges “viver” no avião, entre São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro, Curitiba, Belo Horizonte e Porto Alegre, as cidades líderes em cadastros.

“Estamos atrás apenas dos Estados Unidos, que concentram 9 milhões de usuários”, comemora. Os homens são maioria – 65%. Na faixa etária maior de 60, são 4 cadastros masculinos para cada um feminino. Mas entre os menores de 30, não há variação de gênero. Entre as mulheres, 33% são solteiras em busca de aventuras com casados.

A função do site é aproximar quem está próximo fisicamente e com tempo disponível para trair – não necessariamente com o mesmo perfil, como atuam os sites de namoro.

Apesar do cadastro gratuito, os homens precisam depositar dinheiro para mandar mensagens às casadas (ou solteiras) que despertaram interesse. Já para as mulheres, tudo pode sair de graça. “A não ser que ela queria ter prioridade em nossa lista. Se quiser ocupar as primeiras posições na busca, cobramos créditos também”, descreve, explicando como funciona a engrenagem que faz o lucro.

Segundo pesquisa feita com brasileiros, a paquera virtual termina em motel para 86% dos usuários do site.

Mesmo assim, o título de ‘vendedor de infidelidade’ não agrada. O empresário diz ter visão diferente sobre os infiéis. “Uma traição pode salvar um casamento”, acredita. Em entrevista ao Delas, Eduardo Borges - que namora firme há quatro anos - confessou que não sabe se ele próprio perdoaria uma traição. Mas diz que a profissão fez com que tivesse mais conhecimento para evitar ser traído.

Como brincadeira, cita duas conclusões – nada científicas – embasado nas informações do banco de dados do site.

“Numericamente, as cariocas do signo de gêmeos são maioria entre as cadastradas. Então, caso um dia eu me interessasse por uma, investigaria muito bem antes de sair com ela”.


O objetivo é suprir uma necessidade de aventura de forma sigilosa. Por isso, costumo dizer que a gente salva casamentos

Você faz da infidelidade um negócio, mas também costuma dizer que pode ser um mecanismo capaz de salvar um casamento. Qual é a proposta?
Eduardo Borges: Meu propósito é ajudar as pessoas. Óbvio, vivemos em um sistema capitalista e eu também quero ganhar dinheiro. Mas tenho outra avaliação sobre a infidelidade. Existem milhares de pessoas que estão pensando em divórcio e não querem tomar essa decisão porque ainda amam seus parceiros. O que mais vejo são casais que não fazem sexo há anos. Ele ou ela só querem matar esta vontade [sexual] . O site ajuda a encontrar uma pessoa que tem o mesmo interesse que o seu. O objetivo é suprir uma vontade, uma necessidade de aventura, de forma sigilosa, com a possibilidade de voltar a ficar bem com o seu parceiro. Por isso, costumo dizer que a gente salva casamentos.

Na sua avaliação, então, a traição só acaba com o casamento quando é descoberta?
Eduardo Borges: Não em 100% dos casos, porque tem gente que perdoa. Mas as chances de um casamento acabar quando a traição é descoberta são mais altas. O propósito é manter o sigilo. É promover o encontro entre duas pessoas que estão casadas e têm a mesma mentalidade. Não querem um namorado, não querem problema, investir em outro alguém e depois ser chantageado. É uma forma de aproximar quem tem interesses parecidos. Tenho vários exemplos de cadastrados que depois escrevem dizendo que foi a salvação do casamento.

Como vocês investem no sigilo?
Eduardo Borges: Se a pessoa cadastrada mora em uma cidade pequena temos mecanismos, que não divulgamos quais são, para reduzir o risco dela ser encontrada por alguém que mora em uma região próxima. No total, são sete pessoas que trabalham para o site brasileiro no Canadá. Elas são analistas de perfis, recebem denúncias quando alguma garota de programa faz o cadastro - já que este não é o propósito - e fazem também uma peneira para evitar menores de idade. Esta equipe organiza as informações. Temos a possibilidade de publicar as fotos caso o cadastrado deseje e também mapeamos se as fotografias são falsas, de artistas por exemplo. Também vetamos fotos nuas.


Um ano e meio depois da experiência no Brasil, o que mais surpreendeu?
Eduardo Borges: Sempre soube que o Brasil tinha potencial e o número de usuários cresceu muito, mesmo com a resistência para fazer publicidade. Mas o que me surpreendeu mesmo foi o número de mulheres solteiras que fizeram o cadastro. O objetivo do site é promover aproximação de casados, mas hoje 33% do nosso público feminino não estão em nenhum relacionamento. Entre eles, a porcentagem de solteiros é de 9%.

Há mais rejeição ou preferência dos casados pelas solteiras cadastradas?
Eduardo Borges: Olha, eu diria que essa objeção [às solteiras] existe por parte dos homens espertos. Mas homem não tende a ser esperto na hora da traição. Ele quer sexo. Apareceu uma mulher maravilhosa querendo fazer sexo com ele, é difícil ele dizer: ‘desculpa, você é solteira e pode me dar problema’. Eu diria que o mais indicado é trair com outra mulher casada, o propósito do site. Mas nem sempre os cadastrados se comportam assim.

A maior motivação dos cadastrados é o desejo sexual?
Eduardo Borges: Sim. O homem quer coisas novas na cama, procura alguém para fazer o que nunca fez e tem medo de pedir [à companheira], ou simplesmente quer uma mulher diferente para ter relação sexual. Já as mulheres, em geral, dizem trair por falta de diálogo em casa ou por vingança. Vingança não só porque foi traída, mas porque não gostam do jeito que são tratadas, com indiferença.

Trabalhando com isso, você mudou o seu conceito de traição?
Eduardo Borges: Talvez sobre a traição feminina. Eu sempre tive consciência de que o homem traía bastante, mas a mulher ainda tende a surpreender. Talvez eu não esperasse tantos cadastros femininos, apesar de sempre defender que a mulher tem desejo e vontade como o homem.

Edu Cesar
Eduardo virou consultor informal nas mesas de bar: "sempre me pedem conselhos"

E o seu conceito sobre fidelidade, mudou?
Eduardo Borges: (Pausa) Sim, no sentido do que eu preciso fazer para manter a relação. Por exemplo, hoje eu sei o que eu preciso fazer para a minha namorada não ter vontade de me trair. Estou mais esperto, mais atento, para a minha mulher continuar sendo fiel a mim. Sei o quanto elas ficam sensíveis quando não são ouvidas ou deixadas de lado. Passei a prestar mais atenção a isso.

Este “know how” fez você virar uma espécie de consultor dos amigos?
Eduardo Borges: Tenho certeza que sim. Quando chego em uma mesa de bar, já começam as perguntas. Se há uma pessoa nova na rodinha, meus amigos dizem o que eu faço e o assunto predominante são os pedidos de conselhos.

Os homens te perguntam mais como trair ou como não ser traído?
Eduardo Borges: Como trair (diz bem baixinho) .

E as mulheres?
Eduardo Borges: [Elas perguntam] Por que os homens traem. É curioso isso. Mulher tem a ilusão de que vai existir o homem perfeito pra ela. Ela acha que se ele for perfeito, não vai trair. Mas não é só isso. São vários motivos. Se eles nunca conversaram sobre sexo, ele pode estar insatisfeito – e também erra ao não dizer isso a ela. Parece que está tudo bem, mas não está. Ele precisa de algo na cama, ela acha que não, ele vai e procura a traição. O homem também comete essa falha. Mas mulheres tendem a reclamar mais com o parceiro e expõem mais quando algo está incomodando. O homem tende a não falar sobre o que incomoda com relação ao sexo.

Você namora há quatro anos e eu preciso perguntar: como contou para a sua sogra sobre a sua profissão?
Eduardo Borges: Eu não contei. Ela já deve ter lido uma entrevista minha, mas nunca falamos abertamente sobre o que eu faço. Ela sabe que eu tenho um site de relacionamento. Relacionamentos extraconjugais. Ponto. Esse é meu trabalho. Nunca dei detalhes

Divulgação
Kezia Noble, expert em sedução, dá dicas para conquistar mulheres

E a sua namorada?
Eduardo Borges: Temos uma ótima relação e ela sabe que eu gosto de investir em coisas novas. Sempre converso com ela sobre os meus planos. Mas precisei dialogar quando tive a ideia de trazer o site para o Brasil. Dialogamos muito. Uso a minha argumentação de sempre. São ‘business’. Eu não trabalho com sexo, eu não vendo sexo. Eu trabalho num negócio. Eu dei sorte de ter uma pessoa que me apoia.

Se acontecer uma traição no seu relacionamento hoje, você agiria como?
Eduardo Borges: A traição tem um defeito nas duas pontas, em quem trai e em quem é traído. Hoje, depois dessa experiência, se eu fosse traído eu me perguntaria ‘por quê?’. Geralmente, as pessoas procuram culpar quem traiu, buscam outros culpados. Por isso culpam o site pela traição. Então, se for assim, tem que culpar o dono do motel também. Bom, sem fugir da pergunta: se eu for traído, vou passar um bom tempo refletindo. Se vou perdoar ou não, é outra questão. Na minha concepção, eu acho que não. Ninguém quer ser traído.
IG
Eduardo Borges, hoje com 28 anos, ganhou seu primeiro dinheiro aos 14. Morador de São José do Rio Preto, interior de SP, ele resolveu conciliar o conhecimento que tinha em web design e o interesse adolescente no mercado erótico. Fez um site que reunia filmes pornôs e recebeu 220 dólares de um anunciante.

“Quando meu pai descobriu, achou o máximo”, lembra. A empreitada durou só cinco meses, mas de alguma forma serviu de ponto de partida para a atual carreira do empresário. Após cursar administração, trabalhar no mercado financeiro e desistir da área, Borges viu a oportunidade de negócio quando foi morar no Canadá em 2010. Conheceu uma rede virtual de relacionamentos canadense diferente e decidiu trazê-la ao Brasil.

Desta vez, nem toda a família aprovou. Até hoje, por exemplo, não disse para a sogra exatamente o que faz.

Eduardo Borges administra o braço brasileiro do maior site mundial de encontros extraconjugais, o AshleyMadison.com . No ar desde 2002, a rede de infiéis se estende por 24 países, com 18 milhões de cadastrados. O Brasil foi o último a ingressar no negócio, depois de seis meses de insistência do empresário brasileiro.

Apesar do nome pouco amigável para os ouvidos brasileiros, dado em referência aos dois nomes mais comuns do hemisfério norte (Ashley e Madison), os números indicam que a plataforma fez sucesso por aqui: um milhão de brasileiros casados e traidores em potencial estão ligados ao site, o que faz Borges “viver” no avião, entre São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro, Curitiba, Belo Horizonte e Porto Alegre, as cidades líderes em cadastros.

“Estamos atrás apenas dos Estados Unidos, que concentram 9 milhões de usuários”, comemora. Os homens são maioria – 65%. Na faixa etária maior de 60, são 4 cadastros masculinos para cada um feminino. Mas entre os menores de 30, não há variação de gênero. Entre as mulheres, 33% são solteiras em busca de aventuras com casados.

A função do site é aproximar quem está próximo fisicamente e com tempo disponível para trair – não necessariamente com o mesmo perfil, como atuam os sites de namoro.

Apesar do cadastro gratuito, os homens precisam depositar dinheiro para mandar mensagens às casadas (ou solteiras) que despertaram interesse. Já para as mulheres, tudo pode sair de graça. “A não ser que ela queria ter prioridade em nossa lista. Se quiser ocupar as primeiras posições na busca, cobramos créditos também”, descreve, explicando como funciona a engrenagem que faz o lucro.

Segundo pesquisa feita com brasileiros, a paquera virtual termina em motel para 86% dos usuários do site.

Mesmo assim, o título de ‘vendedor de infidelidade’ não agrada. O empresário diz ter visão diferente sobre os infiéis. “Uma traição pode salvar um casamento”, acredita. Em entrevista ao Delas, Eduardo Borges - que namora firme há quatro anos - confessou que não sabe se ele próprio perdoaria uma traição. Mas diz que a profissão fez com que tivesse mais conhecimento para evitar ser traído.

Como brincadeira, cita duas conclusões – nada científicas – embasado nas informações do banco de dados do site.

“Numericamente, as cariocas do signo de gêmeos são maioria entre as cadastradas. Então, caso um dia eu me interessasse por uma, investigaria muito bem antes de sair com ela”.


O objetivo é suprir uma necessidade de aventura de forma sigilosa. Por isso, costumo dizer que a gente salva casamentos

Você faz da infidelidade um negócio, mas também costuma dizer que pode ser um mecanismo capaz de salvar um casamento. Qual é a proposta?
Eduardo Borges: Meu propósito é ajudar as pessoas. Óbvio, vivemos em um sistema capitalista e eu também quero ganhar dinheiro. Mas tenho outra avaliação sobre a infidelidade. Existem milhares de pessoas que estão pensando em divórcio e não querem tomar essa decisão porque ainda amam seus parceiros. O que mais vejo são casais que não fazem sexo há anos. Ele ou ela só querem matar esta vontade [sexual] . O site ajuda a encontrar uma pessoa que tem o mesmo interesse que o seu. O objetivo é suprir uma vontade, uma necessidade de aventura, de forma sigilosa, com a possibilidade de voltar a ficar bem com o seu parceiro. Por isso, costumo dizer que a gente salva casamentos.

Na sua avaliação, então, a traição só acaba com o casamento quando é descoberta?
Eduardo Borges: Não em 100% dos casos, porque tem gente que perdoa. Mas as chances de um casamento acabar quando a traição é descoberta são mais altas. O propósito é manter o sigilo. É promover o encontro entre duas pessoas que estão casadas e têm a mesma mentalidade. Não querem um namorado, não querem problema, investir em outro alguém e depois ser chantageado. É uma forma de aproximar quem tem interesses parecidos. Tenho vários exemplos de cadastrados que depois escrevem dizendo que foi a salvação do casamento.

Como vocês investem no sigilo?
Eduardo Borges: Se a pessoa cadastrada mora em uma cidade pequena temos mecanismos, que não divulgamos quais são, para reduzir o risco dela ser encontrada por alguém que mora em uma região próxima. No total, são sete pessoas que trabalham para o site brasileiro no Canadá. Elas são analistas de perfis, recebem denúncias quando alguma garota de programa faz o cadastro - já que este não é o propósito - e fazem também uma peneira para evitar menores de idade. Esta equipe organiza as informações. Temos a possibilidade de publicar as fotos caso o cadastrado deseje e também mapeamos se as fotografias são falsas, de artistas por exemplo. Também vetamos fotos nuas.


Um ano e meio depois da experiência no Brasil, o que mais surpreendeu?
Eduardo Borges: Sempre soube que o Brasil tinha potencial e o número de usuários cresceu muito, mesmo com a resistência para fazer publicidade. Mas o que me surpreendeu mesmo foi o número de mulheres solteiras que fizeram o cadastro. O objetivo do site é promover aproximação de casados, mas hoje 33% do nosso público feminino não estão em nenhum relacionamento. Entre eles, a porcentagem de solteiros é de 9%.

Há mais rejeição ou preferência dos casados pelas solteiras cadastradas?
Eduardo Borges: Olha, eu diria que essa objeção [às solteiras] existe por parte dos homens espertos. Mas homem não tende a ser esperto na hora da traição. Ele quer sexo. Apareceu uma mulher maravilhosa querendo fazer sexo com ele, é difícil ele dizer: ‘desculpa, você é solteira e pode me dar problema’. Eu diria que o mais indicado é trair com outra mulher casada, o propósito do site. Mas nem sempre os cadastrados se comportam assim.

A maior motivação dos cadastrados é o desejo sexual?
Eduardo Borges: Sim. O homem quer coisas novas na cama, procura alguém para fazer o que nunca fez e tem medo de pedir [à companheira], ou simplesmente quer uma mulher diferente para ter relação sexual. Já as mulheres, em geral, dizem trair por falta de diálogo em casa ou por vingança. Vingança não só porque foi traída, mas porque não gostam do jeito que são tratadas, com indiferença.

Trabalhando com isso, você mudou o seu conceito de traição?
Eduardo Borges: Talvez sobre a traição feminina. Eu sempre tive consciência de que o homem traía bastante, mas a mulher ainda tende a surpreender. Talvez eu não esperasse tantos cadastros femininos, apesar de sempre defender que a mulher tem desejo e vontade como o homem.

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Eduardo virou consultor informal nas mesas de bar: "sempre me pedem conselhos"

E o seu conceito sobre fidelidade, mudou?
Eduardo Borges: (Pausa) Sim, no sentido do que eu preciso fazer para manter a relação. Por exemplo, hoje eu sei o que eu preciso fazer para a minha namorada não ter vontade de me trair. Estou mais esperto, mais atento, para a minha mulher continuar sendo fiel a mim. Sei o quanto elas ficam sensíveis quando não são ouvidas ou deixadas de lado. Passei a prestar mais atenção a isso.

Este “know how” fez você virar uma espécie de consultor dos amigos?
Eduardo Borges: Tenho certeza que sim. Quando chego em uma mesa de bar, já começam as perguntas. Se há uma pessoa nova na rodinha, meus amigos dizem o que eu faço e o assunto predominante são os pedidos de conselhos.

Os homens te perguntam mais como trair ou como não ser traído?
Eduardo Borges: Como trair (diz bem baixinho) .

E as mulheres?
Eduardo Borges: [Elas perguntam] Por que os homens traem. É curioso isso. Mulher tem a ilusão de que vai existir o homem perfeito pra ela. Ela acha que se ele for perfeito, não vai trair. Mas não é só isso. São vários motivos. Se eles nunca conversaram sobre sexo, ele pode estar insatisfeito – e também erra ao não dizer isso a ela. Parece que está tudo bem, mas não está. Ele precisa de algo na cama, ela acha que não, ele vai e procura a traição. O homem também comete essa falha. Mas mulheres tendem a reclamar mais com o parceiro e expõem mais quando algo está incomodando. O homem tende a não falar sobre o que incomoda com relação ao sexo.

Você namora há quatro anos e eu preciso perguntar: como contou para a sua sogra sobre a sua profissão?
Eduardo Borges: Eu não contei. Ela já deve ter lido uma entrevista minha, mas nunca falamos abertamente sobre o que eu faço. Ela sabe que eu tenho um site de relacionamento. Relacionamentos extraconjugais. Ponto. Esse é meu trabalho. Nunca dei detalhes

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E a sua namorada?
Eduardo Borges: Temos uma ótima relação e ela sabe que eu gosto de investir em coisas novas. Sempre converso com ela sobre os meus planos. Mas precisei dialogar quando tive a ideia de trazer o site para o Brasil. Dialogamos muito. Uso a minha argumentação de sempre. São ‘business’. Eu não trabalho com sexo, eu não vendo sexo. Eu trabalho num negócio. Eu dei sorte de ter uma pessoa que me apoia.

Se acontecer uma traição no seu relacionamento hoje, você agiria como?
Eduardo Borges: A traição tem um defeito nas duas pontas, em quem trai e em quem é traído. Hoje, depois dessa experiência, se eu fosse traído eu me perguntaria ‘por quê?’. Geralmente, as pessoas procuram culpar quem traiu, buscam outros culpados. Por isso culpam o site pela traição. Então, se for assim, tem que culpar o dono do motel também. Bom, sem fugir da pergunta: se eu for traído, vou passar um bom tempo refletindo. Se vou perdoar ou não, é outra questão. Na minha concepção, eu acho que não. Ninguém quer ser traído.
IG

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