Sobre a responsabilidade pelos 111 assassinatos de custodiados do Estado, durante a ação da polícia, o ex-governador afirmou: "A responsabilidade política era minha; a criminal, caberá aos jurados esclarecer".
Ouvido como testemunha de defesa, Fleury falou durante cerca de 40 minutos e saiu pelos fundos, longe do acesso da imprensa e do público que frequenta o Fórum Criminal da Barra Funda (zona oeste de SP), onde acontece o julgamento de 26 PMs acusados pela morte de 15 presos. Foi o depoimento mais rápido desde que o júri teve início, na segunda (15).
É a segunda vez que o ex-governador, oficial da reserva da PM --é primeiro-tenente --, fala em juízo sobre o massacre: a primeira havia sido em 2001, no júri popular do coronel Ubiratan Guimarães, comandante da tropa durante a ação. Condenado à época e absolvido pelo Tribunal de Justiça paulista em 2006, Guimarães foi assassinado no mesmo ano, meses depois.
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15.abr.2013 - Plenário do Fórum Criminal da Barra Funda, em São Paulo, momentos antes do início do primeiro dia de julgamento dos 26 policiais militares acusados de envolvimento no massacre do Carandiru, na manhã desta segunda-feira (15). Na semana passada, os trabalhos foram suspensos após uma das juradas passar mal. O maior massacre do sistema penitenciário brasileiro ocorreu no dia 2 de outubro de 1992, quando 111 detentos foram mortos e 87 ficaram feridos durante uma invasão policial Leia mais Leandro Moraes/UOL
Questionado sobre o motivo de os números do massacre só terem sido efetivamente divulgados no final da tarde do dia 3, o ex-governador refutou caráter eleitoreiro na medida --seu candidato à época pela capital paulista era o hoje senador tucano Aloysio Nunes, o qual, disse, tinha poucas chances de vitória à prefeitura.
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O ex-governador justificou que pediu ao secretário de segurança que só divulgasse o número fechado de mortos após receber parciais. Os 111, disse, só foram informados às 16h do dia 3.
PCC
De acordo com o ex-governador, eventual tentativa tanto da defesa dos réus quanto do Ministério Público de se vincular o massacre à criação do PCC (Primeiro Comando da Capital), no ano seguinte, é uma tentativa de "se dar um pouco de glamour" à facção criminosa."Usa-se essa justificativa para dar um pouco de glamour ao PCC, que surgiu criminosa e não com a intenção de beneficiar ou cuidar de preso", disse.
A respeito da relação entre o PCC e o massacre, Fleury havia sido indagado pela advogada dos réus, Ieda Ribeiro de Souza, sobre o estatuto de criação da facção criminosa. Nele, o PCC que cita o episódio no Carandiru como uma espécie de marco de situações que deveriam er combatidas por meio da organização de detentos por meio de facções.
Sobre o porquê de não ter ido ao Carandiru no dia seguinte, quando soube --segundo ele, por volta das 16h --, o ex-governador alegou à advogada: "Não era minha obrigação ir ao local, eu era governador do Estado", disse. "O interesse do Estado é a investigação isenta; o governador não é presidente de inquérito", disse.
Ordem para entrada
A advogada dos PMs citou ao ex-governador trecho do livro "Vozes do Carandiru" (de Karina Florindo Rodrigues e Helvio Borelli, publicado em 2007) no qual ele deu aos autores a declaração a respeito da invasão dos policiais ao presídio: "Não dei a ordem de entrada, mas, se estivesse em meu gabinete, daria". Em depoimento, ele reforçou: "Confirmo essa frase".Antes, o ex-governador alegara que seu secretário de segurança pública à época, Pedro Franco de Campos, tinha autonomia para tomada de decisões como a ação no presídio.
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