terça-feira, 30 de abril de 2013

A ficha corrida do ex-policial Bola, acusado de matar Eliza

A ficha corrida do ex-policial Bola, acusado de matar Eliza

Marcos Aparecido dos Santos é acusado de asfixar a jovem até a morte, em junho de 2010.

 

Profissão: matador

Conforme revelou com exclusividade VEJA desta semana, paira sobre Bola a suspeita de ter tirado a vida de dezenas de pessoas ao longo das últimas décadas. Figura proeminente de um grupo de extermínio formado por policiais mineiros, Bola é réu em outros quatro processos por cinco homicídios. Cinco anos atrás, por exemplo, ele torturou e matou dois bandidos no mesmo sítio em Vespasiano. As vítimas do ex-policial e seus comparsas foram marcadas na testa com uma cruz. Paulo César Ferreira e Marildo Dias de Moura foram entregues aos cães e enforcados. Os corpos ainda foram esquartejados, e os pedaços, jogados à fogueira. Sabendo de seu histórico - e interessado em seus métodos - o goleiro Bruno contratou Bola para matar Eliza. O preço acertado: 70.000 reais.



Carreira na polícia


Paulista de Santo André, Bola - também conhecido como Neném e Paulista - fez três tentativas de seguir carreira na polícia, entre 1984 e 1992. Em todas foi expulso da corporação por indisciplina: duas vezes em Minas e uma em São Paulo. Passou a atuar, então, como informante, integrando clandestinamente equipes de investigação do Grupamento de Resposta Especial (GRE), a tropa de elite mineira. Era reconhecido como um atirador habilidoso e, aos poucos, especializou-se em matar. Em 2008, começou a dar cursos de tiro a recrutas. As aulas eram ministradas em seu sítio, na cidade mineira de Vespasiano, conhecido como “casa da morte” - é onde o Ministério Público afirma que Eliza Samudio foi asfixiada até a morte. No local, o ex-policial também adestrava cães - os rottweilers aos quais ele teria atirado uma das mãos da ex-amante de Bruno

Eliza Samudio


Macarrão foi o encarregado de entrar em contato com Bola, em nome de Bruno, e encomendar a morte da ex-amante do goleiro, que exigia o reconhecimento de paternidade do filho que havia tido com ele, Bruninho. Quem os apresentou foi o ex-policial José Lauriano de Assis Filho, o Zezé, empresário de um grupo de pagode patrocinado por Bruno. Rastreamento dos sinais de celular de Bola e Macarrão comprova que eles se falaram duas vezes na véspera do crime e outras seis nos minutos que antecederam o assassinato. Às 20h35 do dia 10 de junho de 2010, Macarrão e Jorge Luiz colocaram Eliza e o bebê no carro e foram à Pampulha. Lá, encontraram o ex-policial, de moto, e seguiram até a casa dele, em Vespasiano. O grupo só não contava com a recusa inesperada de Bola para matar a criança



Estrangulamento


Bola gostava de enforcar as vítimas até a morte. Foi desse modo, também, que escolheu matar a ex-amante de Bruno. Jorge Luiz (foto), que era menor à época do crime, contou com uma riqueza macabra de detalhes o que aconteceu: “Neném (Bola) perguntou se Eliza usava algum tipo de droga. Cheirou a mão dela e disse para ela ficar de pé, de costas para ele. De repente, deu uma gravata nela. Enquanto isso, pediu para Macarrão amarrar as mãos dela para frente. Então, Neném se jogou no chão com ela, agarrado o tempo todo no pescoço dela. Ela arregalou o olho. Saiu espuma branca. ela se contorcia. Até que o olho dela ficou com sangue. Ela agonizou, estremeceu e depois morreu". No atestado de óbito, emitido após a confissão de Macarrão em novembro passado, consta que Eliza Samudio foi morta por asfixia na Rua Araruama, 173 – o endereço de Bola..




Sem deixar rastros

O destino do corpo de Eliza Samudio é um grande mistério - que nem o promotor acredita ser solucionado. “Esse corpo foi destruído. Psicopata tem uma metodologia. Ele destruiu os corpos, como fez em casos anteriores”, disse Henry Castro, em entrevista ao site de VEJA. O primo de Bruno que presenciou o crime ao lado de Macarrão afirma ter visto Bola atirar uma mão humana aos cães rottweiler que mantinha em seu quintal. O corpo, segundo Jorge Luiz, havia sido colocado em um saco preto. Dali, não há mais testemunhas. A única pista que se tem vem de um detento que conheceu Bola na Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem: Jailson Alves de Oliveira. Ele afirma que ouviu "várias vezes" o ex-policial dizer que queimou o corpo da jovem e jogou as cinzas em uma lagoa. Ainda de acordo com ele, ao perguntar o que Bola faria se o corpo da vítima fosse encontrado, ouviu: "Só se os peixes falarem". Como as buscas da polícia foram feitas quase um mês após o crime, não havia mais provas a serem encontradas no sítio do ex-policial.

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