terça-feira, 4 de setembro de 2012

Inquérito revela desenvolvimento de crimes no João Paulo

Um jovem teria sido dominado quando saiu de casa, possivelmente por policiais militares à paisana e levado em um carro descaracterizado, para a casa do sargento Gabriel Botelho, onde foi morto a tiros depois de uma breve discussão com o militar. Este policial teve um filho assassinado no dia anterior.

A vítima seria amiga do adolescente que matou, no dia anterior, o filho do sargento na Avenida São Marçal. A Polícia Técnica comprovou que o jovem Elias Veras da Silva – o “Pituca”, 22 anos, foi executado quando estava sentado no sofá da casa do autor do crime, o sargento PM Gabriel Botelho.

A informação é do delegado Gustavo Alencar, titular do 2º Distrito Policial (João Paulo), que preside os dois inquéritos: um que apura o assassínio de Daniel Moreira Botelho – “Negão”, 21 anos, filho do sargento Gabriel, morto no dia 30 de julho, na Avenida São Marçal, no João Paulo, por um adolescente; e outro que apura a morte de Pituca, praticada pelo sargento, no dia primeiro de agosto.

Conforme o delegado Gustavo Alencar, o laudo pericial expedido pelos especialistas do Instituto de Criminalística (Icrim), Pituca foi morto com um tiro na cabeça e outro no rosto, ambos à queima-roupa, quando estava sentado no sofá na sala da casa do sargento Gabriel, na Rua Duque de Caxias, no João Paulo.

O laudo aponta contradição do militar quando declarou, em depoimento no 2º DP, que havia dado um tiro em Pituca, quando o mesmo chegou à porta de sua casa e o agrediu com palavras, chamando-o de “policial safado”.

O laudo pericial aponta que Elias da Silva, depois de morto, teve o cadáver arrastado para o local onde o sargento disse que o havia matado. Havia rastros de sangue apontando que ele teria sido deslocado (arrastado) do local de onde foi executado. Além disso, o sofá estava
ensopado de sangue.

O inquérito foi concluído e deverá ser enviado no decorrer desta semana para a Justiça, embora sem alguns laudos complementares que serão posteriormente anexados. O delegado Gustavo Alencar não informou se iria ou não solicitar, à Justiça, a prisão preventiva do sargento Gabriel Botelho.

O delegado disse que algumas testemunhas se negam a dar depoimentos, temendo represálias. Uma pessoa teria vendido a casa e mudou-se sem deixar endereço, para evitar ser chamada a polícia para prestar depoimento.

Conforme o delegado Gustavo Alencar, existem muitas contradições no depoimento do sargento Gabriel Botelho e as investigações já desenvolvidas pelo próprio delegado e a equipe da Segunda Delegacia Distrital, com as investigações técnico-científicas, desenvolvidas pelos especialistas dos institutos de Criminalística e Médico Legal.

Há informações que homens que ocupavam um carro comum e que estavam sem fardas, pegaram Pituca, quando ele saia de casa, localizada na Rua Irmãos Coragem, na Alemanha, e levado à casa do sargento. “Estas informações reforçam a suspeita de que a vítima foi levada por homens do Serviço de Inteligência ligados ao sargento Gabriel Botelho, e levada para ele, que estando ainda sob o impacto do assassinato do filho, executou o suposto amigo do autor do crime”, disse Gustavo Alencar. O delegado disse ainda que o grande problema que enfrenta é que muitas pessoas se negam a testemunhar, em virtude de temerem outra reação violenta do sargento Gabriel Botelho e dos amigos.

Memória
No dia 30 de agosto, quando transitava pela Avenida São Marçal, no João Paulo, o jovem Daniel Moreira Botelho, de 21 anos, conhecido como “Negão” (filho do sargento Gabriel) foi executado a tiros por um adolescente que tentou fugir, mas foi preso ainda com a arma do crime, por um policial militar que se encontrava nas proximidades e apresentado na 2ª Delegacia Distrital.

Ao tomarem conhecimento da presença do adolescente infrator na delegacia, homens do Serviço de Inteligência compareceram no local e tentaram invadir o gabinete do delegado Gustavo Alencar, com o propósito de executar o homicida. O absurdo que não se concretizou em virtude da interveniência de policiais militares do Grupo de Operações Especiais e de policiais civis deslocados da Superintendência da Polícia Civil da Capital. Sob forte proteção, o adolescente foi transferido para a Delegacia do Adolescente Infrator – DAI, onde foi apreendido em flagrante.

Elias Veras da Silva – “Pituca”, seria amigo do adolescente infrator e estaria em sua companhia no momento do crime. Por esta razão foi procurado e ameaçado pelo sargento Gabriel Botelho, no mesmo dia do crime. No dia seguinte, foi interceptado por homens que seriam militares à paisana e levado para casa do sargento Gabriel, na Rua Duque da Caxias, em frente ao local do velório do filho do militar. No local foi executado com dois tiros pelo próprio sargento Gabriel que posteriormente se apresentou na 2ª Delegacia Distrital, onde assumiu a autoria do crime e disse que havia perdido a arma que usara na execução.

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