sábado, 29 de setembro de 2012

Vereadores de Paço do Lumiar podem responder por corrupção ativa

 
Delegado da Polícia Federal responsável pela apuração do caso que investiga desvio de recursos na prefeitura afirma que vereadores podem ser indiciados por corrupção passiva
 
A Polícia Federal rechaça que o vazamento dos áudios interceptados no inquérito que aponta desvio de recursos públicos em Paço do Lumiar tenha alguma influência nas investigações No conteúdo dos áudios, existem conversas entre Alderico Campos (presidente da Câmara de Paço), Thiago Aroso (vereador e filho da prefeita), Bia Venâncio (prefeita) e Luis Carlos Teixeira (ex-presidente da Comissão de Licitação do município).

O delegado Felipe Cardoso que está a frente da investigação do caso afirma que os indícios são muito fortes de que o suposto "mensalão" de Paço era pago com dinheiro público. "Há indícios que os vereadores recebiam recursos da prefeitura. Ainda estamos aprofundando sobre quais programas eram. Até porque eles não teriam este aporte financeiro para todo mês, todo ano, não podemos precisar ainda a periodicidade, ficar pagando os vereadores".

A Polícia federal afirma que no caso dos vereadores, a competência passa a ser estadual. "Eles podem responder por corrupção ativa. Agora, eventual investigação dos vereadores seria mais uma competência estadual. Ainda estamos estudando a possibilidade de compartilhar estas informações com o Ministério Público Estadual".

O Imparcial tentou contato com o Ministério público já no turno da tarde de ontem. A assessoria de Comunicação do órgão informou que o expediente na promotoria de Paço do Lumiar, que seria responsável pelo caso, encerrava ás 14h e se comprometeu em dar um posicionamento na segunda-feira.

Para o delegado Felipe Cardoso, o sigilo não é mais algo sob o controle da autoridade policial, uma vez que os áudios vazados já eram da decisão judicial e todos os envolvidos teriam tido acesso. "O inquérito é sigiloso. Mas nem considero o que aconteceu um vazamento, uma vez que as informações que estão na imprensa estão na decisão da Justiça. Os advogados das partes tiveram acesso às peças, como é de direito.. Não é mais algo estreitamente sigiloso", afirmou.

O delegado disse que durante a investigação estes áudios eram conhecidos apenas pela autoridade policial e pelo Ministério Público. Mas após a deflagração da operação Allien, passaram a ser de conhecimento de todas as partes envolvidas na investigação. O que é direito dos mesmos. bPara o delegado, não cabe nenhum tipo de alegação de que este "vazamento" atrapalhe, até porque os advogados dos dois lados já tinham conhecimento. "Em muitos lugares onde publicaram você vê o timbre e o brasão do TRF. Isso demonstra que estes áudios fazem parte da decisão judicial e não da peça de investigação", afirmou o delegado, negando que o "vazamento" tenha partido da Polícia Federal.



Vereadores negam ocorrência de "Mensalão"

Ontem foi realizada a primeira sessão da Câmara Municipal de paço do Lumiar após o estouro da denúncia de que vereadores do município receberiam "Mensalão" para aprovar projetos de interesse da prefeita afastada Bia Venâncio (PSD). O presidente da Câmara, Alderico Campos (DEM) que teria sido flagrado em uma escuta conversando com o filho da prefeita sobre a propina, não compareceu à sessão.

Os poucos parlamentares que foram trataram da disputa eleitoral e do clima tenso da cidade após a Operação Allien. Mas não se manifestaram sobre o Mensalão. A equipe de O Imparcial conversou com alguns vereadores do município. Todos negaram a atividade irregular e disseram desconhecer o "Mensalão".

O vereador Charuto (PSD), que presidiu a sessão de ontem, deu respostas curtas e não quis detalhar mais a questão. Ele apenas afirmou desconhecer propostas por aprovação de projetos na Câmara de Paço.

O vereador Dr. Wilson (PSDC), que é candidato a vice-prefeito na chapa de Almeida (PSDB), falou que só soube da história agora por comentários na cidade. Para ele, adversários políticos tentam aproveitar eleitoralmente a Operação Allien tentando ganhar uma vaga na Câmara. "Tudo que fiquei sabendo foi sobre comentários. Fico triste e fiquei muito surpreso com esta história. Muitas pessoas nesse momento tentam se beneficiar politicamente, tentando denegrir a imagem de todos os vereadores com coisas que não existem", afirmou.

Dr. Wilson disse que ele e Almeida não estão com a prefeita e fazem uma campanha independente. Ele disse ainda que a candidatura deles tem menos recursos em relação a outros candidatos à prefeitura.

O vereador e candidato a prefeito Sebastião Almeida (PSD) que reafirmou não saber nada sobre Mensalão, disse que rompeu com a prefeita Bia Venâncio logo no início da campanha, por não receber nenhuma ajuda material para por o bloco na rua. Almeida disse que foi o primeiro vereador a apoiar o novo prefeito da cidade, Raimundo Filho (PHS). O tucano disse ainda que vai para o ataque no horário eleitoral contra Bia e seus principais adversários, Josemar Sobrinho (PR) e Gilberto Aroso (PMDB).

Novamente O Imparcial tentou contato com Thiago Aroso e Alderico Campos via celular durante todo o dia de ontem, mas ambos estavam desligados. Na secretaria da Câmara Municipal, fomos informados que não houve nenhum aviso do presidente sobre sua ausência.

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