Os aliados do PT, tanto no plano político quanto nos movimentos sociais, estão reticentes à ideia de contribuírem com uma “caixinha” para pagar a multa dos petistas condenados no julgamento do mensalão. Ainda falta definir a punição do ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP), mas os débitos impostos a José Dirceu, José Genoino e do ex-tesoureiro Delúbio Soares, divulgados na última segunda-feira, passam de R$ 1,4 milhão. “Ninguém nos procurou pedindo nada. Vamos esperar que eles se pronunciem”, disse o vice-presidente do PSB, Roberto Amaral.
Na quarta-feira, o PT reuniu sua Executiva Nacional para soltar a mais dura nota contra o Supremo Tribunal Federal (STF) desde que o julgamento começou, em 2 de agosto. Apesar dos ataques a um “julgamento político e à uma condenação sem provas concretas”, em nenhum momento o documento oficial fala de caixinha para o pagamento das multas. Quem levantou a tese foi o secretário de Organização do PT, Paulo Frateschi.
Ele confirmou que o partido não poderia arcar com o pagamento das multas, já que existem leis específicas para definir como as legendas podem utilizar seus recursos. Mas que os filiados, na qualidade de pessoas físicas, poderiam contribuir. “Eu serei o primeiro a contribuir e toda direção nacional fará o mesmo. Tenho certeza que contaremos com o apoio de companheiros de outras legendas aliadas e dos movimentos sociais”, completou o dirigente petista.
O deputado Paulo Teixeira (PT-SP) lembra que as multas aplicadas até o momento pelo STF ainda poderão ser revistas pelo plenário. E que ainda não está definida também a maneira como esses pagamentos serão feitos. O futuro líder do PT na Câmara, José Guimarães (CE), já adiantou que seu irmão, José Genoino, não tem condições de arcar com o ônus imposto pelo Supremo. “Bens da família não podem ser penhorados. Então, é melhor esperar como isso vai desenrolar para depois definir as ajudas”, acrescentou Teixeira.
Responsabilidade
O presidente nacional da Força Sindical e um dos dirigentes nacionais do PDT, deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho (SP), também afirmou não ter sido procurado por dirigentes petistas pedindo auxílio para o pagamento das multas. Mas que, se isso ocorrer, ajudará prontamente. “Tenho uma relação histórica e muito próxima com o Dirceu e o Genoino”, completou.
Interlocutores da União Nacional dos Estudantes (UNE) também confirmaram não terem sido procurados pelo PT para tratar de qualquer assunto ligado ao mensalão ou às multas a serem pagas pelos petistas condenados pelos ministros do Supremo Tribunal Federal. Mesmo assim, de maneira preliminar, descartam qualquer apoio oficial da entidade. Há duas semanas, o presidente da UNE, Daniel Iliescu, deu entrevista ao Estado de São Paulo negando que entidade promoverá eventos públicos de desagravo ao PT. “Quem tem competência para condenar ou julgar é o STF e a UNE reconhece esse poder e tem a responsabilidade de respeitar as instituições democráticas”, declarou ele.
O alinhamento automático de aliados do PT nas críticas ao processo do mensalão já provocou momentos de estresse em um passado não muito distante. Poucos dias depois de a revista Veja ter divulgado uma matéria onde o publicitário Marcos Valério supostamente afirmava que Lula seria o verdadeiro chefe do esquema de compra de votos aliados, PT e os dirigentes dos partidos de apoio ao governo reagiram com uma nota incisiva, afirmando que a oposição estava “querendo promover um terceiro turno das eleições presidenciais e negar os avanços sociais do país nos últimos 10 anos”.
Mas a reação uníssona não foi bem vista pela base dos partidos. Parte do PMDB, do PSB e do PDT questionou porque as legendas se envolveram em um julgamento que não diziam respeito a elas, mas ao PT. °°
Nenhum comentário:
Postar um comentário