quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Moradores de Paraisópolis cobram ação social além da presença da PM

Do G1 São Paulo

Comerciante diz esperar solução para vazamento de esgoto há quatro anos.
Presidente de associação afirma que região 'é uma invasão no Morumbi'.


Policiais da Cavalaria da PM circulam pelas ruas de Paraisópolis desde segunda-feira (29) (Foto: Glauco Araújo/G1)Policiais da Cavalaria da PM circulam pelas ruas de Paraisópolis desde segunda-feira (29) (Foto: Glauco Araújo/G1)













Moradores da Favela de Paraisópolis, na Zona Sul de São Paulo, estão divididos com a Operação Saturação que a Polícia Militar realiza na região desde segunda-feira (29). Alguns declaram apoio ao trabalho policial, mas outros dizem estar incomodados com a presença de homens da cavalaria e de carros da corporação nas ruas. Há quem questione a ausência de ações conjuntas na área de saneamento, saúde, habitação e iluminação.
Segundo o major Streifinger, da PM, 15 pessoas foram presas desde o começo da Operação Saturação. Foram apreendidos ainda 125 kg de maconha, 12 kg de cocaína, uma granada, 119 tubos de lança-perfume, nove armas e munições de fuzil e de outros calbres.
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  • "Não será com ações pontuais como esta que os problemas de segurança e da violência em Paraisópolis e em São Paulo serão solucionados. O governo precisa estar presente constantemente. Aqui temos 5 mil crianças fora de creche, por exemplo. A comunidade precisa de ações concretas", diz Gilson Rodrigues, presidente da União dos Moradores de Paraisópolis (UMP).
Presidente da União dos Moradores de Paraisópolis, Gilson Rodrigues, disse que a região é 'uma invasão no Morumbi' (Foto: Glauco Araújo/G1)Presidente da União de Moradores de Paraisópolis,
Gilson Rodrigues, disse que a região é 'uma
invasão no Morumbi' (Foto: Glauco Araújo/G1)
Ele questiona os dados do Censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), divulgado em 2011, que coloca Paraisópolis como a favela com o maior número de habitantes em São Paulo, com 42,8 mil moradores em mais de 13 mil domicílios ocupados. "Há muita controvérsia sobre esse dado. Há um levantamento da Secretaria de Habitação de São Paulo, feito em 2005, que indica haver 80 mil habitantes aqui. De lá pra cá, Paraisópolis só cresceu. Somos mais de 100 mil pessoas", afirma Rodrigues.
O representante de moradores diz ainda que a população da região está cobrando a promessa feita pelo prefeito Gilberto Kassab, em 2009, para a realização de ações sociais, batizadas à época de "Virada Social". "Foram 123 ações prometidas durante aquela ação policial. Deste conjunto de ações, apenas 85% foram realizadas. Falaram durante o período eleitoral que Paraisópolis é bairro. Não moramos em um bairro, isso aqui é favela. Isso é uma ocupação de terrenos no Morumbi. O esgoto tratado que foi prometido só ficará pronto em 2014 e o hospital não foi feito", afirma o presidente da UMP.
A comerciante Socorro Ferreira da Silva, de 60 anos, reclama da falta de uma ação concreta para solucionar o problema de vazamento de esgoto na porta de sua casa e de seu estabalecimento comercial. "O esgoto volta para o meu banheiro e enche o meu bar. Não é esgoto só da minha casa, é de todas as casas que estão acima de mim. Eles (Sabesp) vieram aqui anteontem [segunda-feira] e desentupiram, mas ontem [terça-feira (30)] estava tudo na calçada de novo."
Menina organiza pares de chinelo em Paraisópolis (Foto: Glauco Araújo/G1)Menina organiza pares de chinelo em Paraisópolis (Foto: Glauco Araújo/G1)
Sobre a ação policial, ela diz estar indiferente e não sabe dizer se está mais segura ou não. "Quem não deve, não teme. Sou trabalhadora e busco o meu pão de cada dia. Eu estou tranquila. A polícia tem de fazer o trabalho dela. Por mim, não posso falar nada do trabalho mais nada."
Outros moradores, que preferem não se identificar, reclamam da ação policial no período noturno. "Quando os holofotes somem daqui, quando anoitece, os policiais abusam, intimidam trabalhadores, moradores de bem. Eles dão tapas e fazem ameaças. Eles têm de fazer o trabalho dele e pronto, não precisam fazer isso", diz um jovem na Rua Melchior Giola.
Uma dona de casa diz que falta espaço para atividades de entretenimento em Paraisópolis. "As crianças brincam nas ruas, no chão de terra batida. Precisamos deixar nossas crianças crincarem", afirma.
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Policiais circulam por Paraisópolis desde segunda-feira (29) na Operação Saturação (Foto: Glauco Araújo/G1)Policiais circulam por Paraisópolis desde segunda-feira (29) na Operação Saturação (Foto: Glauco Araújo/G1)
Região tem mais de 100 mil habitantes, segundo presidente da União de Moradores de Paraisópolis (Foto: Glauco Araújo/G1)Região tem mais de 100 mil habitantes, segundo presidente da União de Moradores de Paraisópolis (Foto: Glauco Araújo/G1)

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