segunda-feira, 2 de julho de 2012

A previsão do Banco Central, na quinta-feira 28, deu o tom do que se pode esperar para este ano de 2012: a expansão da economia foi reduzida de 3,5% para 2,5%, em linha com as expectativas do mercado. Alarmada com a atividade mais fraca e convicta da necessidade de se aumentar os investimentos, a presidenta Dilma Rousseff já havia decidido que era hora de o governo usar sua influência para estimular as empresas nacionais. Numa cerimônia no Salão Nobre do Palácio do Planalto com empresários, governadores e prefeitos na quarta-feira 27, Dilma anunciou o PAC Equipamentos, que inclui compras de caminhões, máquinas agrícolas e veículos blindados para as Forças Armadas (veja quadro ao final da reportagem). No total, o governo vai gastar R$ 8,4 bilhões no segundo semestre.

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A previsão do Banco Central, na quinta-feira 28, deu o tom do que se pode esperar para este ano de 2012: a expansão da economia foi reduzida de 3,5% para 2,5%, em linha com as expectativas do mercado. Alarmada com a atividade mais fraca e convicta da necessidade de se aumentar os investimentos, a presidenta Dilma Rousseff já havia decidido que era hora de o governo usar sua influência para estimular as empresas nacionais. Numa cerimônia no Salão Nobre do Palácio do Planalto com empresários, governadores e prefeitos na quarta-feira 27, Dilma anunciou o PAC Equipamentos, que inclui compras de caminhões, máquinas agrícolas e veículos blindados para as Forças Armadas (veja quadro ao final da reportagem). No total, o governo vai gastar R$ 8,4 bilhões no segundo semestre.
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A presidenta fala a empresários no planalto, na quarta-feira 27: "Nós temos mecanismos
para enfrentar a crise, e vamos usá-los sem nenhuma restrição".
Uma parte dos recursos já estava prevista, mas R$ 6,6 bilhões estão sendo antecipados de orçamentos futuros. “Uma política de compras governamentais é, neste momento, sobretudo uma afirmação de que nós temos mecanismos para enfrentar a crise, e vamos usá-los sem nenhuma restrição”, afirmou a presidenta. No dia seguinte, foi a vez da agricultura, com R$ 115,2 bilhões de financiamento para plantio, armazenamento e comercialização da safra 2012/2013. Os juros, que no ano passado estavam em 6,75%, caíram para 5,5%. E, para coroar o pacote de bondades, o governo ainda renovou o IPI menor para a linha branca, móveis e outros itens cuja validade terminaria na virada do mês. Além dos estímulos a setores específicos, outra decisão ajudará praticamente todas as empresas que investiram nos últimos anos e as que pretendem colocar o pé no acelerador.
A Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), que remunera os financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), caiu dos atuais 6% para 5,5% ao ano, que na prática se aproxima de uma taxa real zero. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que a medida vai beneficiar tomadores de R$ 480 bilhões em financiamentos do banco. “É mais um passo na redução dos custos de capital no Brasil”, disse o presidente do BNDES, Luciano Coutinho. “É um incentivo positivo para a taxa de retorno dos projetos, especialmente de infraestrutura e de longa maturação.” O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, elogiou a política de desoneração dos investimentos. “É isso que vai manter os empregos e fazer o País se desenvolver”, diz Andrade.
O pacote de compras oficiais representa apenas 1% de todo o investimento do ano passado. Mas é uma peça importante numa série de medidas contra-cíclicas que o governo tem tomado para espantar a crise que vem de fora. Entre os empresários, a repercussão foi positiva. Vários setores vinham buscando a atenção do governo por causa da forte concorrência dos importados. É o caso dos fabricantes de equipamentos médicos, que poderão oferecer produtos até 25% mais caros que os importados nas licitações do Ministério da Saúde. “Foi extremamente positivo, mas o impacto não é imediato”, diz Paulo Fraccaro, vice-presidente da Associação Brasileira da Indústria de Artigos e Equipamentos Médicos, Odontológicos, Hospitalares e de Laboratórios (Abimo). “Esperamos uma recuperação no próximo ano.”
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José Martins, da Marcopolo: "Vai dar uma sacudida na demanda".
ATAQUE NA DEFESA Outro setor beneficiado é o de defesa, que terá direito a R$ 1,5 bilhão para aquisição de materiais para as Forças Armadas. O valor terá impacto, principalmente, sobre duas empresas, a Avibrás e a Iveco, que fabricam, respectivamente, o lança-mísseis Astro 2020 e o blindado Guarani. “Essa encomenda nos dá escala e garante um bom horizonte de produção”, diz Alexandre Bernardes, gerente de relações governamentais do Grupo Fiat, dono da Iveco, que inaugura uma fábrica em outubro em Sete Lagoas, em Minas Gerais. Quem também ganha fôlego com as medidas são os fabricantes de ônibus, que amargavam queda de 9,9% nas vendas nos primeiros cinco meses deste ano.
Segundo José Martins, vice-presidente da Marcopolo e presidente da Associação Nacional de Fabricantes de Ônibus, as empresas previam vender 33 mil unidades neste ano, meta que será facilmente superada com a compra de 8.570 ônibus escolares previstos no PAC. “É 25% a mais do que prevíamos”, diz Martins. “Vai dar uma sacudida na demanda.” Os fabricantes de móveis, por sua vez, aguardavam ansiosamente a prorrogação do IPI zero para o setor, pois a desoneração ainda não tinha surtido o efeito esperado. “Os estoques estavam muito elevados quando o governo editou a medida, em março”, diz José Luiz Fernandez, presidente da Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário (Abimóvel). O setor de eletrodomésticos também não abre mão da redução do IPI da linha branca.
O incentivo fiscal é considerado imprescindível pelos empresários para compensar, ao menos parcialmente, a retração do crédito. Confiante na retomada econômica, o vice-presidente de Relações Institucionais da Whirlpool, Armando do Valle Jr., mantém os investimentos previstos no Brasil. “Lançamos um produto a cada duas semanas”, diz Valle. “Não posso divulgar o volume de investimentos, mas garanto que é maior do que o do ano anterior.” O otimismo da Whirlpool, que detém as marcas Brastemp e Consul, coincide com o horizonte traçado pelas autoridades. O mesmo Banco Central que reduziu a projeção para o PIB neste ano prevê que a economia estará crescendo num ritmo de 4,5% no início de 2013. É de olho nesta expansão que o setor privado não deixa de investir.
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