O dinheiro tinha sido roubado de um restaurante. O casal se reencontrou com os donos. Além de um almoço, eles ofereceram emprego.
Em São Paulo, dois moradores de rua encontraram R$ 20 mil e devolveram tudo para a polícia. Como recompensa, ganharam uma oportunidade de mudar de vida, mas estão com medo, porque foram ameaçados.
Os bens da vida inteira estão em volta de um colchão. Poucas roupas, algumas panelas, mantimentos que não duram mais que um dia.
O casal mora debaixo de um viaduto, na Zona Leste de São Paulo. Cata papel para pagar pelo próximo prato de comida.
A rotina do casal foi quebrada durante a madrugada. Os dois foram acordados pelo som de um alarme. Saíram debaixo do viaduto para ver o que estava acontecendo e acabaram encontrando um pacote com pouco mais de R$ 20 mil, dinheiro que, na situação deles, significa uma pequena fortuna.
“Achei estranho, porque eu também nunca vi um tanto de dinheiro daquele”, lembra a mulher.
Eles não tiveram dúvida. Ligaram para a polícia que encontrou, com as notas, recibos de cartões de crédito e localizou os donos. O dinheiro foi roubado de um restaurante. Os investigadores acreditam que os ladrões voltariam para buscar o pacote.
“Tenho que agradecer, não tanto pelo dinheiro, mas pela honestidade. O dinheiro a gente recupera, mas essa honestidade deles, sem comentários”, diz o dono do restaurante, Miguel Kikuchi.
O catador diz que não fez nada demais: “Parei mais para pensar no que a minha mãe falou para mim: nunca rouba nada do que é dos outros.”
Mas a boa ação teve um preço alto. Poucas horas depois de devolverem o dinheiro, um homem apareceu no viaduto e fez uma ameaça.
“Eu estava de costas, ele passou perto de mim e falou: ‘vou pegar você’. Na hora que ele falou isso eu fiquei até tremendo nas pernas”, conta a mulher.
Um suspeito foi preso. Como não há provas da participação no assalto, ele foi liberado.
O casal se reencontrou com os donos do restaurante. Além de um almoço, eles ofereceram treinamento e emprego. Ajuda que pode mudar as vidas do casal de moradores de rua.
“Ainda estou novo, ainda tenho muito o que aprender. A gente nasce sem saber e morre aprendendo”, ensina o homem.
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