quarta-feira, 18 de julho de 2012

Caso Décio Sá

Acabo de receber o depoimento das quatro testemunhas evangélicas no caso do assassinato do jornalista Décio Sá, ocorrido em 23 de abril. Como era de esperar, não citarei o nome das quatro testemunhas.
Os evangélicos, como foi divulgado amplamente, se encontravam na duna para orações.
Bom, então viram uma moto parar no meio da Avenida Litorânea, próximo à barreira eletrônica. Da moto desceu o garupa – hoje sabemos que era o assassino Jhonathan de Sousa -, que subiu a duna nervoso, olhando para trás e para os lados, segurando um capacete e com a mão na barriga, como se estivesse segurando algo. A ponto de uma das testemunhas imaginar que a pessoas estava correndo para fazer uma necessidade fisiológica.
O sujeito seguiu até o topo da duna com muita dificuldade. Depois sumiu. Passados alguns minutos, no topo onde havia desaparecido, o sujeito que subira a duna apressado e com dificuldade reapareceu, acompanhado por mais dois sujeitos. Ficaram parados olhando para os evangélicos. Depois os três desceram pela esquerda, conforme as testemunhas.
O desaparecimento da arma – Quando Jhonathan de Sousa, o assassino confesso, foi preso, ele disse em depoimento que fizera uma viagem de ferry boat e jogara a pistola ponto 40 no mar.
Quando da reconstituição do crime, Jhonathan modificou o que dissera sobre a arma. Em vez de jogar a arma no mar, na verdade a teria enterrado ali, na duna, por onde fugira. A polícia, então, cavou e a arma foi encontrada.
OK, meus caros e minhas caras, a arma foi encontrada enterrada, segundo a polícia. Certo, mas foi enterrada quando? Sim, porque pelos testemunhos dos quatro evangélicos o assassino não parou em nenhum momento na subida da duna, e chegou ao topo com a mão na barriga, ou seja, segurava a arma.
Eu já havia levantado a suspeita de que essa história da arma enterrada não casava bem. Tanto que cheguei a levantar o seguinte: a não ser que o crime tivesse sido planejado e no local houvesse um buraco pronto. Era a única coisa que se podia imaginar, por mais estapafúrdia que fosse a hipótese.
Agora, de posse do depoimento das testemunhas evangélicas, me vejo confirmado. A história é estranha, para dizer o mínimo. As quatro testemunhas dizem quase com as mesmas palavras que o assassino subiu a duna sem parar um único instante. Depois reapareceu no topo com mais dois sujeitos, os três desceram pelo lado e esquerdo e sumiram. Como dizer, então, que a arma foi enterrada?
Pelo testemunho dos quatro evangélicos a arma não foi enterrada na duna. A não ser que acreditemos em outra hipótese não menos estapafúrdia: a de que o assassino voltara ao local do crime e enterrara a arma.
Bom, amanhã terei mais novidades. E farei como venho fazendo: primeiro leio quantas vezes achar necessário o documento e só depois faço aqui as considerações. Evito, assim, a pressa dos blogueiros que tiveram acesso ao depoimento dos evangélicos e não leram e trataram de publicar na ânsia da audiência.
Postado em Política, por Roberto Kenard
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Fonte:  blog do Kenard

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