Homens da Força Nacional podem ter sido subornados por bicheiro, diz PF
Gravações da Polícia Federal realizadas pela operação Monte Carlo mostram que o grupo do bicheiro Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, pode ter subornado integrantes da Força Nacional que atuam no Entorno do Distrito Federal. De acordo com as investigações, a intenção seria manter abertas as casas de bingo na região.A Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), do Ministério da Justiça, solicitou à Polícia Federal a apuração das gravações mostradas na reportagem e abriu sindicância sobre o caso.
Em uma gravação feita pela Polícia Federal, com autorização da Justiça em 7 de agosto do ano passado, Lenine Araújo de Souza, apontado como braço direito de Carlos Cachoeira, conversa com um homem chamado Miguel.
Os dois falam sobre um suposto pagamento de propina a homens da Força Nacional que estiveram em um bingo do Entorno.
Miguel: "Foi assim, o pessoal entrou lá pra dentro ontem e aí vieram com 71 lá. Depois desistiram aí chamaram o (inaudível) lá, fizeram lá um acordo com ele lá."
Lenine: "A Força, é?"
Miguel: "Exatamente, exatamente. Aí no final ficou tudo bem. Tá ok?"
Lenine: "Foram embora?"
Miguel: "É, foram embora depois da conversa boa, foram embora."
Lenine: "Mais nada não, né?"
Miguel: "Não, não, ficou bem, ficou bem. Deram uma facadinha, mas ficou bem. Tranquilo tá, ok?"
Lenine: "Tranquilo, então. Valeu!"
Miguel: "Até mais."
No dia seguinte, outra gravação revela que Lenine contou a Carlos Cachoeira o ocorrido.
Lenine: "A Força teve lá no Cartela, sábado pra domingo."
Cachoeira: "Fechou?"
Lenine: "Não. Aí o seguinte, ninguém me avisou. Quando eu cheguei ontem à noite aqui, o William falou para mim: ó, tem um problema lá no bingo, lá com a Força. (...) O cara chamou o Washington para um acordo."
Lenine: "Aí o Washington chegou lá fez um acordo e continuou normalmente. Foram embora."
Cachoeira: "Ah tá."
Força Nacional
A Força Nacional chegou em setembro de 2007 ao Entorno do Distrito Federal. O local era apontado pela Polícia Federal como um dos pontos de conexão com tráfico internacional de drogas. Os altos índices de criminalidade também serviram de argumento dos governos do DF e de Goiás pra convencer o Ministério do Justiça - são 75 assassinatos para cada grupo de cem mil habitantes, quando a média nacional é de 26.
O contrato acabou em 2010 e foi retomado em abril de 2011. Em novembro do ano passado, o governo de Goiás pediu a prorrogação da permanência da Força Nacional e foi atendido.
Desde então, a Força Nacional está alojada em um quartel em Luziânia. A última grande operação foi o cumprimento de mais de mil mandados de prisão no dia 3 de abril
Do G1 DF,
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