Território árido e palco de conflitos entre facções de palestinos e de ataques israelenses, a Faixa de Gaza, situada no Oriente Médio, a sudeste do Mar Mediterrâneo, tem 45 quilômetros de comprimento e 10 quilômetros de largura, sendo limitada ao norte e a leste por Israel e ao sul pelo Egito. É um dos territórios mais densamente povoados do planeta, com uma população estimada, em julho de 2008, em 1,5 milhões de habitantes para uma área total de 360 km². Sua denominação deriva do nome da principal cidade na região, Gaza.
Além dos palestinos, a Faixa de Gaza já abrigou também cerca de oito mil colonos judeus, retirados, juntamente com o exército israelense, em 2005. Do total de habitantes da região, 33% vivem em acampamentos de refugiados patrocinados pela Organização das Nações Unidas (ONU). São pessoas que se mudaram para o território devido à fuga ou expulsão de suas casas durante a guerra árabe-israelense de 1948.
O território não é reconhecido internacionalmente como pertencente a um país soberano. Depois da retirada do exército israelense, ocorreram eleições parlamentares em 2006, vencidas pelo Hamas. A organização radical, apoiada pelo Irã, venceu o Fatah, grupo que comanda a Autoridade Nacional Palestina (ANP) – por sua vez, criada para administrar os territórios palestinos até a criação do Estado que aquele povo reivindica.
Em 2007, após uma semana de combates violentos, a Faixa de Gaza passou a ser dominada exclusivamente pelo Hamas, que derrotou as forças de segurança fiéis ao Fatah.
Desde então, ocorreram vários conflitos entre Hamas e Fatah, com registro de centenas de mortos. As duas organizações chegaram a formar vários acordos que, no entanto, não duraram muito tempo. Novos conflitos ocorreram na Faixa de Gaza e a tensão aumentou no final de 2008, quando Israel passou a bombardear alvos na região e a invadiu, sob a alegação de que o Hamas recomeçara o lançamento de mísseis sobre seu território.
Raízes do conflito
A guerra na Faixa de Gaza faz parte de um contexto maior, o conflito árabe-israelense, cujas raízes remontam aos fins do século XIX, quando colonos judeus começaram a migrar para o local.
O povo judeu viveu na Palestina durante mais de mil anos, até ser expulso pelos romanos no ano 70 d.C. Por volta do século VII, a terra foi incorporada ao território árabe.
A partir de 1897, após a fundação do movimento sionista, que pregava a volta à terra santa, judeus começaram a migrar para a Palestina. Esse movimento se intensificou após a Segunda Guerra Mundial – durante a qual ocorreu o aniquilamento de mais de 6 milhões de judeus pelos nazistas –, quando foi aprovada pela ONU a criação do Estado de Israel, o que gerou novos conflitos com países árabes vizinhos.
Grandes datas que marcaram o conflito desde o nascimento do Estado de Israel, em 1948:
* 1948: O aniquilamento de mais de 6 milhões de judeus pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial reforça a ideia de dar um Estado aos sobreviventes. O Estado de Israel é criado em uma parte da Palestina no dia 14 de maio, em território antes administrado pela Grã-Bretanha. No dia seguinte à declaração de independência, os países árabes vizinhos ao recém-criado Estado começam uma invasão simultânea, que é combatida pelas defesas israelenses em 1949. Cerca de 70.000 palestinos deixam Israel em direção aos países árabes da fronteira.
* 1956: A nacionalização do canal de Suez pelo Egito leva ao início da segunda guerra árabe-israelense. Israel recebe o apoio de Grã-Bretanha e França, mas a União Soviética e os Estados Unidos obrigam as tropas inglesas e francesas a se retirarem do local.
* 1967: Começa a terceira guerra árabe-israelense, que ficou conhecida como a Guerra dos Seis Dias. Israel conquista o Sinai, a Faixa de Gaza, a Cisjordânia, Jerusalém Oriental e as colinas do Golan.
* 1973: Os Estados árabes aproveitam o Yom Kipur, mais importante feriado religioso judaico, e voltam a atacar Israel, que de novo repele os invasores: é a guerra do Yom Kipur, em outubro.
* 1978: O primeiro-ministro israelense Menahem Begin e o presidente egípcio Anuar Sadat ratificam, em Washington, os acordos de Camp David, que servem de base para a assinatura, seis meses depois, em 1979, do tratado de paz entre os dois países, o primeiro firmado entre Israel e um país árabe. Dois anos depois, em 1981, Sadat é assassinado em um desfile militar no Cairo.
* 1982: O Exército israelense invade o Líbano (operação Paz na Galiléia) e expulsa de Beirute a Organização para a Libertação da Palestina (OLP), de Yasser Arafat. As tropas israelenses ocuparam o sul do país até sua retirada em 2000. Em 2006, outra ofensiva foi lançada sobre o território libanês, desta vez em resposta a um ataque do Hezbolah (grupo radical islâmico que atua no sul do Líbano) contra Israel.
* 1986: Um antigo técnico nuclear israelense, Mordeshai Vanunu, revela que seu país possui a bomba atômica, informação nunca desmentida ou confirmada por Israel. Especialistas estimam que o Estado judaico dispõe entre 80 e 200 ogivas nucleares.
* 1987: Os palestinos dos territórios ocupados se rebelam e dão início à primeira Intifada.
* 1993: Israel e a OLP assinam em Washington uma "declaração de princípios" para estabelecer uma autonomia palestina transitória de cinco anos. É o primeiro acordo de paz entre Israel e os palestinos, ratificado pelo histórico aperto de mãos entre Yasser Arafat e o primeiro-ministro israelense Yitzhak Rabin (assassinado em 1995).
* 1998: São firmados acordos provisórios de Wye Plantation (Estados Unidos), que preveem a retirada israelense de zonas rurais da Cisjordânia em três fases.
* 2000: Em setembro, tem início a segunda Intifada, em meio a uma rodada de discussões entre israelenses e palestinos em Camp David, Estados Unidos.
* 2002: Israel levanta um muro de separação com a Cisjordânia para impedir a entrada de terroristas suicidas palestinos.
* 2005: Israel se retira da Faixa de Gaza.
* 2007: O grupo radical islâmico Hamas expulsa o Fatah, do presidente Mahmud Abbas, da Faixa de Gaza, assumindo o controle do território.
Fonte: Senado Federal/Helena Daltro Pontual
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