quinta-feira, 21 de abril de 2011

BRICS

Grupo é formado por cinco países emergentes
Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul são os cinco países emergentes que atualmente formam o grupo denominado BRICS. O grupo foi chamado primeiramente BRIC, a partir de um estudo do economista Jim O’Neil, do banco de investimentos Goldman Sachs, e sua criação ocorreu devido à necessidade de estudar as economias desses países, cuja perspectiva é a de superarem, juntas, até 2050, as economias dos seis países mais ricos do mundo (Estados Unidos, Japão, Alemanha, Reino Unido, França e Itália), ou Grupo dos 6 (G6).

O grupo foi formado, inicialmente, por Brasil, Rússia, Índia e China – os quatro maiores países emergentes do mundo, cujas iniciais resultaram na sigla BRIC–, e passou a contar formalmente com a participação da África do Sul no dia 14 de abril de 2011, classificado como o 12º maior país emergente do mundo. Com a adesão da África do Sul, o grupo passou a ser denominado BRICS (sendo a letra S referente à South Africa).

O relatório intitulado Building Better Global Economic Brics, elaborado pelo Goldman Sachs, mapeou as economias dos países que primeiramente compuseram o BRIC até 2050, a partir de projeções demográficas e modelos de acumulação de capital e crescimento de produtividade. Com base nesses estudos, avaliou a possibilidade de as economias desses países superarem as do G6.

De acordo com o estudo, o grupo poderá ter 42% da população mundial e um Produto Interno Bruto (PIB) de mais de US$ 85 trilhões (14,6%), bem como 12,8% do valor de comércio e 50% de contribuição à economia global. Embora os cinco países não constituam um bloco político nem uma aliança de comércio formal ou militar, têm negociado vários tratados de comércio e cooperação com vistas a aumentar seu crescimento econômico.

O estudo sobre os BRICS destaca ainda que cada um dos países enfrenta desafios diferentes para manter seu crescimento econômico. Devido a tais fatores, a previsão de superarem as economias dos países mais ricos pode não se concretizar. Porém, já exercem grande influência, conforme o Goldman Sachs, fato que ficou evidente na reunião da Organização Mundial do Comércio (OMC) realizada em 2005.

Naquele encontro, países em desenvolvimento liderados pelo Brasil e pela Índia juntaram-se a países subdesenvolvidos e impuseram a retirada de subsídios governamentais da União Europeia e dos Estados Unidos, além de conseguirem a redução das tarifas de importação.

No dia 16 de junho de 2009, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva reuniu-se com os demais líderes do então BRIC em Yekaterinburgo, Rússia. No encontro, os chefes de Estado decidiram cooperar de forma mais intensiva para enfrentar a crise financeira internacional e impulsionar a recuperação da economia mundial.

No terceiro encontro dos BRICS, realizado em abril de 2011, em Sanya, na China, que contou com a participação da presidente Dilma Rousseff, os representantes dos cinco países pediram mudanças no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), com vistas a aumentar sua representatividade na instituição, bem como no Fundo Monetário Internacional (FMI) e Banco Mundial.

Economias

Rússia, Índia e China são superpotências militares, ao contrário do Brasil, que não entrou na corrida armamentista. Por outro lado, o Brasil é um país exportador de produtos agropecuários, como soja, carne bovina e cana-de-açúcar, além de produzir combustíveis renováveis, entre os quais álcool e biodiesel. Fornece ainda matérias-primas essenciais aos países em desenvolvimento, como petróleo, aço e alumínio, e tem reservas naturais de água, fauna e flora.

A Rússia é importante fornecedora de hidrocarbonetos e também teria, segundo o estudo do Goldman Sachs, papel importante na exportação de mão de obra altamente qualificada e tecnologia de ponta. Já a Índia tem a maior média de crescimento entre os BRICS, devendo ficar atrás somente da China, e investe na profissionalização de sua população, com tradição nas ciências exatas. O estudo prevê que a China será a maior economia mundial em 2050, tendo como base seu acelerado crescimento econômico, com grande desenvolvimento nos setores de indústria e tecnologia.

Haveria, portanto, uma divisão de funções entre os BRICS, cabendo ao Brasil e a Rússia o papel de produtores de alimentos e de petróleo, além de fornecedores de matérias primas. A Índia e a China seriam os maiores responsáveis pelo fornecimento de serviços e manufatura, devido a sua concentração de mão de obra e tecnologia, respectivamente.

A África do Sul representa a maior economia do continente africano. Com oferta abundante de recursos naturais, particularmente na área da mineração, tem bom desenvolvimento nos setores financeiro, jurídico, de comunicações, energia e transportes, além de uma bolsa de valores classificada entre as vinte melhores do mundo. Abaixo, quadro com principais dados dos BRICS, com informações do FMI e da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex):

BRICS Brasil Rússia Índia China África do Sul
PIB nominal 2010 (US$) 2,023 trilhões 1,476 trilhões 1,430 trilhões 5,745 trilhões 354,414 bilhões
Renda per capita (US$) 10.427 18.945 3.248 6.675 10.600
População 190,7 milhões 141,9 milhões 1,21 bilhão 1,3 bilhão 49,9 milhões
Principais parceiros comerciais China, EUA, Argentina, Países Baixos e Alemanha China, Alemanha e EUA EUA, Emirados Árabes, China, Reino Unido e Alemanha União Europeia, EUA e Japão EUA, Japão, China, Reino Unido e Alemanha
Principais produtos exportados minério de ferro, ferro fundido, aço, óleos brutos de petróleo, soja e derivados, automóveis, açúcar de cana, aviões, carne bovina, café e carne de frango combustíveis, óleo, ferro, aço, madeira, carvão, níquel, alumínio e máquinas mercadorias têxteis, pedras preciosas e joias, bens de engenharia, produtos químicos e manufaturas de couro máquinas, aparelhos, material elétrico, vestuário e acessórios, ferro e aço produtos de mineração, como ouro, platina, diamantes, carvão e minério de ferro

Helena Daltro Pontual/Agência Senado

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