quarta-feira, 13 de março de 2013

Maranhão: inclusão e exclusão na política (ou Sobre Projetos)

Li em algum lugar –  acho que foi no blog do John Cutrim –  um texto onde a autora sustenta haver apenas “um projeto” para o Maranhão, cujo o timoneiro seria o ex-deputado Flávio Dino (PCdoB).
É chato voltar sempre a esse assunto “projeto para o Maranhão”, mas é necessário, sobretudo quando somos obrigados ler coisas até engraçadas sobre tema tão sério que é uma saída para o nosso estado do quadro socioeconômico em que se encontra.
Não entrarei na questão do “projeto” em si, mas apenas em uma das causas que pode comprovar o porquê da oposição tradicional encontrar dificuldades de apresentar algo propositivo para o Maranhão.
Em primeiro lugar, o blogueiro está convencido que nem o grupo Sarney e nem a oposição capitaneada por Flávio Dino têm condições de apresentar um projeto para o Maranhão de forma isoladamente.
O nosso estado só terá alguma chance de dar certo se essas duas principais forças políticas aceitarem sentar à mesa de forma republicana, independente de quem ganhar as eleições de 2014. Na verdade, o ideal seria que já houvesse algum entendimento antes mesmo do processo eleitoral do ano que vem, mas… é pedir muito para os atores políticos num estado onde a política é, muitas vezes, irracionalmente radicalizada.
Em segundo lugar, e aqui é onde reside a dificuldade da oposição pró-Dino, é o fato da incapacidade que ela tem de agregar, de incluir novos atores no seu “projeto”. E até mesmo de manter antigos atores políticos e sociais naquilo que chamam de “único projeto para o Maranhão”.
A política da oposição é de exclusão, da “cotovelada”, do patrulhamento e da prática do “uso e desuso” de aliados. Os exemplos estão aí aos montes.
Qual “único projeto” resiste ao tratamento discricionário de aliados, da rotulação de amigos, da vigilância quanto com quem esse ou aquelo parceiro conversa ou se relaciona? Que “único projeto” é esse da oposição que fala mais no Sarney do que no Maranhão, que mistifica a “oligarquia” e banaliza a grande política? Que “único projeto” é esse defendido pela oposição dinista que afirma desejar “o melhor para os pobres”, mas inibe, intimida pressiona para que alguns prefeitos não dialoguem institucionalmente com o Governo do Estado? Enfim, que “único projeto” é esse da oposição tradicional, cujo principal líder não tem senso de autocrítica, não reavalia rumos, discursos e posturas?
Em síntese: a exclusão tem sido a marca da política da oposição maranhense. É composta de “engenheiros” especialistas em construção de muros.
Por outro lado, o grupo Sarney trabalha na perspectiva da inclusão. É composto por “engenheiros” especialistas em construção de pontes, tanto que não fossem outras razões que não a política, muito provavelmente o ex-governador Zé Reinaldo hoje seria senador da República pelo grupo cinquentão.
O problema do grupo Sarney é que parece ter perdido a noção de “Estado”. Há tempos o grupo só enxerga o “governo”, e tão somente para atrair projeto sem muitos propósitos efetivamente desenvolvimentistas.
Em verdade, desde que o senador José Sarney se nacionalizou na política brasileira e passou a viver mais na Repúbica do que no estado, o Maranhão deixou de ser “Minha terra, minha paixão”, para se transformar em “Minha terra, meu moedão”.
O desafio é rever e reverter tudo isso. Dar uma chance para o estado.
Nesse sentido, além de soar como uma arrogância sem tamanho, advogar que só existe “um projeto” para o Maranhão, é acima de tudo um absurdo teórico. A rigor, não existe projeto algum, muito menos da oposição.
Repito: não teremos projeto de Estado se depender pura e exclusivamente de apenas um grupo político local. Alguém terá que sinalizar para alguém, seja agora (menos provável) seja a partir de 2015.
Mais do que um projeto para o Maranhão, precisamos de um “Projeto de Vida” para os Maranhenses.
É isso.

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