segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Gangue dos Playboys chegava a gastar R$ 11 mil em bebidas em festas

Fantástico conta como jovens de classe média faziam sequestros-relâmpago e como a mãe de um deles reagiu ao saber das acusações contra o filho.

Atrás do vidro escuro, quatro jovens. Eles são suspeitos de pertencer a uma quadrilha que pratica seqüestro relâmpago. Um deles é Rafael Guilherme dos Santos, de 21 anos, auxiliar de cozinha.

A família dele está do lado de fora da delegacia acampada dentro do carro. E confiante que ele vai ser libertado. “Meus pais me passaram princípios e eu passei para os meus filhos. Por isso eu tenho convicção de que ele é inocente”, diz Ediclea Cristina Ferreira, mãe do Rafael.

A liberdade do auxiliar de cozinha está nas mãos de um jovem, que se aproxima do vidro. “Pode chegar perto que não dá prá ver”, orienta um policial.

Ele foi vítima da quadrilha. O Fantástico acompanhou o momento em que o administrador de empresas reconhece um dos suspeitos. Ele aponta o rapaz do canto esquerdo, é Juliano de Souza Rosa, de 22 anos, um universitário. Segundo a vítima, Juliano era o mais violento.

“Duas coronhadas no rosto e até cheguei a tomar ponto”, conta a vítima.

Rafael que era suspeito de participar do crime, não foi reconhecido. E acabou solto por falta de provas. “Sempre trabalhei, sempre conquistei as minhas coisas trabalhando. Não preciso de roubar”, diz Rafael

A polícia cumpriu os mandados de prisão de quatros jovens, essa semana. Outros cinco já estavam presos. Até agora um foi julgado. É Bruno Rodrigues Guedes de Jesus, de 21 anos, condenado a nove anos de prisão por um, dos 22 crimes que cometeu. A policia diz que tirou das ruas a quadrilha dos playboys.

“Muito deles tinham vidas boas, os pais auxiliavam, alguns deles têm carros próprios que os pais deram, fazendo faculdade, mas acredito que eles acharam que era pouco”, aponta o delegado Eduardo de Camargo Lima.

O Fantástico conta agora como esses jovens de classe média faziam sequestros-relâmpago e como a mãe de um deles reagiu ao saber das acusações contra o filho.

“Eu sei que meu filho não é um bandido”, negou a mãe do jovem.

Na saída do supermercado, uma mulher é a surpreendida. O rapaz com um revólver na mão manda ela ir para o banco do passageiro e assume o volante. É assim que pelo menos 35 pessoas são sequestradas, por mês, nas zonas sul e oeste de São Paulo. Um empresário foi uma delas.

“Entrou comigo dentro do carro com mais outra pessoa e pediu os cartões. ‘Eu quero cartão, sua carteira com os cartões. A gente quer fazer saque, na sua conta’”, conta a vítima.

Duas horas depois, Juliano, o jovem reconhecido no começo dessa reportagem e Alexandre França Costa libertaram o empresário, numa movimentada avenida. Segundo a polícia, são eles que entram em um carro, parado na fila de uma lanchonete. Quem dirigia era Vitor Mendes de Lima. Duas horas mais tarde, Vitor aparece sozinho diante em lojas de grifes e paga as compras com o cartão da vítima.

“Em torno de mais ou menos sete mil no total”, completa a vítima.

A quadrilha agia há pelo menos um ano e meio. Eles se revezavam. Em outro vídeo é Juliano quem compra camisas caras e perfumes. Em cada ataque, o grupo vai ao limite dos cartões das vítimas.

“O prejuízo total foi de R$ 12,6”, diz outra vítima.

Com roupas novas, bebidas e dinheiro nas mãos, a quadrilha fazia festas à beira da piscina, em casas alugadas. Os playboys mostram as compras: garrafas de uísque, vodca e tequila, cerca de R$ 11 mil em bebidas.

“A gente precisou ir a baladas, baladas funk e rachas onde eles convivem. Com as incursões, com as informações que a gente tinha, a gente conseguiu chegar em todos eles”, conta o investigador Fernando Ferreira.

Oito presos negam a participação nos crimes. Lucas Fernandes de Souza, de 18 anos, foi o único que confessou. Até então ele agia como um rapaz trabalhador, acima de qualquer suspeita.

O emprego de Lucas é em um escritório que fica bem atrás da delegacia. Segundo os donos, ele disputou uma vaga com outros quatro candidatos. Tinha boas referências. Durante seis meses só chegou atrasado uma vez. Era considerado o office boy mais rápido. E na empresa ninguém sabia que ele tinha outra atividade depois do expediente.

O Fantástico localizou a casa de três dos playboys. Envergonhados e assustados, os pais deles não quiseram aparecer. Só a mãe de um deles aceitou falar por telefone.

Michael Douglas do Nascimento, de 19 anos, é estudante do primeiro ano da faculdade de Engenharia. A reação dela é de uma mãe surpresa.

Fantástico: O seu filho, Michael, foi reconhecido. Ele nunca chegou com objetos estranhos em casa, com dinheiro?

Mãe: Não, nunca. Se ele tivesse chegado com alguma coisa diferente dentro de casa, eu era a primeira a desconfiar. Eu sei que meu filho não é bandido, vocês precisam fazer alguma coisa pelo meu filho, pelo amor de Deus, não deixa ele ir para a cadeia não, porque se ele for para a cadeia aí que eu perdi ele mesmo.







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