sexta-feira, 15 de junho de 2012

Forbidden Voices

http://www.desdecuba.com/generaciony
Ela somente pediu os mesmos direitos que um homem desfruta em seu país. Fez da tecnologia um alto-falante para denunciar essas leis que no Irã a deixam indefesa e em desvantagem ante os varões. Blogueira e feminista, Farnaz Sefi se exilou na Alemanha depois de ter sido presa e ameaçada vária vezes na terra que a viu nascer. Teve que passar a escrever sob pseudônimo frente à coação crescente que sua família sofreu. O drama que vive é milenar, porém ela sabe que o absurdo um dia pode terminar, acabar-se num instante. Essa pequena esperança a levou a não se conformar e integrar o movimento “Mudança pela igualdade”, criado por uma vintena de ativistas. Usa o teclado para deter o açoite e as redes sociais como via de denúncia contra os ultrajes que tantas fêmeas não se atrevem contar.
Por seu lado, Zeng Jinyan é mantida pelo amor. Esse afeto que a une a Hu Jia o famoso defensor dos direitos humanos na China. Seu marido tem denunciado sistematicamente os maus tratos aos doentes de SIDA e os danos provocados ao meio ambiente num país onde um partido único promove uma versão única da realidade. Zeng tem relatado através da Internet os momentos mais difíceis dos seus últimos anos, a detenção e prisão do seu marido, os longos dias de prisão domiciliar a que ela foi submetida com seu bebê e o abraço terno do reencontro quando o liberaram. Paradoxos curiosos trazidos pela tecnologia a impediam de sair de sua casa e, todavia, o ciberespaço diminuía distâncias entre ela e seus leitores.
Junto a estas duas mulheres admiráveis têm colocado a mim também, num documentário que analisa o uso dos novos meios de comunicação como arma contra a censura. Sob o título de “Forbidden Voices”, a diretora suíça Barbara Miller reuniu imagens, entrevistas e cenas domésticas que completam o ser humano que há por trás de uma conta de Twitter, a pessoa cuja presença virtual é muito mais livre que a real. De maneira que esta é – a ciência certa – a história de quatro mulheres, três delas desejosas de encontrar respeito e espaço em suas respectivas sociedades e uma quarta, a autora do filme, que munida de uma lente e muita paciência expressa através da visualização sua própria rebeldia.
Tradução e administração do blog em língua portuguesa por Humberto Sisley de Souza Neto

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