http://www.oimparcial.com.br/app/noticia/urbano/2012/06/23/interna_urbano,117776/deputado-raimundo-cutrim-sera-ouvido-pela-policia-diz-delegado.
O deputado Raimundo Cutrim vai ser ouvido pela equipe que investiga o caso Décio Sá. Porém, o momento do interrogatório ainda não foi discutido pelo grupo de delegados. A informação foi repassada pelo titular da Superintendência Especial de Investigação Criminal (Seic), delegado Augusto Barros.
Segundo ele, diante da repercussão da notícia de envolvimento do deputado e das informações prestadas pelo próprio na tribuna da Assembléia Legislativa na última quinta-feira, não há como descartar um interrogatório. "Há uma equipe no caso e ainda não decidimos quanto ao interrogatório. Precisamos falar com ele, mas, neste momento, temos muitas oitivas em andamento e vamos concluí-las", explicou Barros.
O delegado Augusto Barros esteve reunido com o subdelegado geral de Polícia Civil, Marcos Afonso Junior, na sede da Seic, na tarde de ontem, para tratar do andamento das investigações. Barros ponderou quanto à apuração dos diversos nomes citados como envolvidos no caso Décio Sá. "É verdade que apenas esse depoimento não representa toda a verdade. Por isso, temos tido o cuidado em não divulgar os passos da investigação antes da certeza das informações", ressaltou o delegado.
Quanto à quebra dos sigilos bancários e telefônicos, deixados à disposição pelo próprio deputado, o delegado diz que é preciso aguardar. Segundo o delegado, quebrar sigilo bancário é muito mais invasivo que o depoimento. Barros ressalta que não basta apenas a pessoa dizer que podem ser quebrados, pois a decisão depende de uma determinação judicial para que a instituição bancária ou a operadora de telefonia disponibilizem o material. "A menos que a própria pessoa entregue todo o material em mãos, o que não sabemos se ele irá fazer", relatou o delegado Augusto Barros. E reiterou: "estamos trabalhando com cautela para evitar expor pessoas inadvertidamente".
Sigilo continua
A reportagem procurou o sub-delegado geral Marcos Afonso Junior para obter informações sobre a perícia do material recolhido em operação de busca e apreensão. São cheques, computadores e documentos que ligam prefeituras ao esquema de agiotagem supostamente praticado por Glaúcio Alencar - apontado pelo executor como mandante do assassinato do jornalista Décio Sá.
Alegando sigilo da investigação, Afonso Junior disse apenas que as perícias prosseguem e que em outro momento, quando surgissem fatos novos confirmados, poderia falar sobre o crime. O delegado Augusto Barros informou que o fato de Glaúcio conceder empréstimos à prefeituras cobrando juros, já configura crime, pois ele não é instituição bancária autorizada para tal negociação.
Envolvimento
A possível ligação do deputado Raimundo Cutrim virou notícia após mais um vazamento de depoimento do caso. A polícia não soube explicar como, mas o depoimento do assassino confesso Jhonatan de Sousa Silva foi divulgado em um blog, na íntegra. No texto, o executor cita o nome Cutrim e quando questionado sobre quem seria ele refere-se ao deputado estadual. O executor aponta Raimundo Cutrim como principal mandante do crime, mas não diz se o conhecia. Jhonatan revela ainda que o deputado seria amigo de infância de Raimundo Sales Chaves Junior, o Junior Bolinha. Este último ficou encarregado de pagar o executor, mas teria repassado apenas 20% do valor combinado. Ainda segundo o depoimento de Jhonatan, o deputado teria encomendado a morte do jornalista por que este "falava muito e prejudicava muita gente".
Afastamento
A Secretaria de Segurança do Estado (SSP) afastou dos cargos dois policiais civis identificados como Alcides e Jorge Durans. Os policiais atuavam na Superintendência Estadual de Investigações Criminais (Seic) e segundo a SSP, foi comprovada a ligação deles com Junior Bolinha. O afastamento não significa que os policiais estejam envolvidos no assassinato do jornalista Décio Sá, mas, por terem amizade com Junior Bolinha - um dos suspeitos de serem mandante - a secretaria achou melhor afastá-los temporariamente das funções. Não foi informado se os policiais serão interrogados.
Execução
O jornalista Décio Sá foi morto na noite do dia 23 de abril, no bar Estrela do Mar, na Avenida Litorânea, Praia de São Marcos, por volta das 22 horas. Décio foi atingido por seis tiros, sendo quatro na cabeça e dois nas costas. O executor confesso é Jhonatan de Sousa e os mandantes apontados como sendo os empresários que praticariam agiotagem, cujo grupo tem como integrantes José de Alencar e Gláucio Alencar (pai e filho) e Júnior 'Bolinha'. Depois de atirar, Jhonatan saiu caminhando e fugiu em uma moto, que o aguardava do outro lado da pista. Para praticar o crime ele receberia R$ 100 mil, mas apenas R$ 20 mil foi pago e Jhonatan denunciou os envolvidos.
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