07/05/2013 19h25 - Atualizado em 07/05/2013 21h57
No 2º dia, irmão de PC Farias cita crime passional; suposta amante fala
Para testemunhas, empresário foi morto porque deixaria namorada, Suzana.
Casal foi encontrado morto em casa de praia em Guaxuma no ano de 1996.
18 comentários
saiba mais
Sobre as declarações de Augusto Farias acerca de uma "proposta indecorosa" feita pelos delegados Alcides Andrade e Antônio Carlos Lessa, o magistrado informou que irá convocá-los ao júri. Breda disse ainda que a irmã de Suzana Marcolino, Anna Luiza Marcolino, e o então secretário de PC Farias, Flávio Almeida, também devem ser convocados.O júri será retomado nesta quarta-feira (8) a partir das 8h com depoimento das últimas testemunhas do processo. A primeira a ser ouvida será Zélia Maciel de Souza, prima de Suzana Marcolino.
O segundo dia de júri popular do caso começou às 8h50 e terminou às 19h07. Quatro policiais enfrentam o banco dos réus nesta semana no Fórum de Maceió pelo duplo homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, impossibilidade de defesa das vítimas e impunidade).
Terceira testemunha ouvida, Augusto negou ter concluído, logo que viu o corpo de PC Farias na cama, que Suzana Marcolino tinha assassinado seu irmão e em seguida se matado.
“Naquela cena você começa a desconfiar de tudo e de todos. Os seguranças estavam lá, até que prove o contrário, eram de confiança”, disse. “Depois de toda a apuração é que nós nos convencemos [de que era um homicídio seguido de suicídio].”
Sobre as acusações de que ele teria mandado matar o irmão, Augusto disse que foi apontado porque foi o primeiro a chegar à cena do crime.
“Se não fosse eu que tivesse chegado naquele momento, fosse o Carlos Gilberto, fosse o Claudio, fosse o Rogério, eles iam me botar como suspeito? Essa pergunta eu me faço”, afirmou, citando o nome dos demais irmãos. “Quem me conhece sabe que não é verdade isso, mas o poder da mídia é muito grande.”
Augusto diz que PC Farias sabia que estava sendo traído e que usou seu nome, Augusto, para contratar alguém para segui-la. “Isso eu só soube depois dessa tragédia.” Ainda segundo Augusto, PC disse que deixaria Suzana Marcolino para tentar um relacionamento com Cláudia Dantas.
Claudia Dantas, suposta amante de PC, diz ao júri
que eles se encontravam (Foto: Jonathan Lins/G1)
'Encontros'que eles se encontravam (Foto: Jonathan Lins/G1)
Ouvida na sequência, Cláudia, apontada como a pivô do namoro entre PC e Suzana, afirmou aos jurados que teve três encontros com o empresário e que, na noite do crime, ele disse a ela que terminaria com Suzana Marcolino. A testemunha disse ainda que havia recebido um ramalhete de flores de PC Farias.
O então assessor de Augusto, Márcio Fernando Lessa Magalhães, afirmou que, logo após o crime, a conversa entre os presentes na casa dava conta de que Suzana havia matado PC Farias e cometido suicídio em seguida. “Não dava para ver sangue, nada. Pensamos que tinha envenenado, também”, afirmou.
Milane, ex-namorada de o irmão de PC Farias,
depõe no 2º dia do júri (Foto: Jonathan Lins/G1)
A primeira a depor foi Milane Valente de Melo, que era namorada do irmão de PC Farias, Augusto, à época do crime. Ela afirmou que teve contato com o empresário apenas algumas vezes e que não era próxima de Suzana Marcolino. Segundo ela, Augusto achava que Suzana estava interessada no dinheiro do irmão e foi apresentada a ele na cadeia.depõe no 2º dia do júri (Foto: Jonathan Lins/G1)
“Não tinha nenhum clima desconfortável”, afirmou a testemunha sobre PC e Suzana. Ainda segundo ela, Augusto “sempre acreditou na teoria de homicídio seguido de suicídio. Ele sempre achou que Suzana matou PC e depois se matou”, disse. Milane afirmou que chegou a ser ameaçada após os assassinatos.
Em seguida, Manoel Alfredo da Silva, que trabalhava como vigia na casa de praia de PC Farias em 1996, falou rapidamente sobre a pouca convivência com os envolvidos. Disse também que, na noite do crime, estavam soltando fogos de artifício em uma festa junina próxima ao local do crime.
Mônica Calheiros, comerciante que vendeu a arma
para Suzana Marcolino (Foto: Jonathan Lins/G1)
Armapara Suzana Marcolino (Foto: Jonathan Lins/G1)
Também foram ouvidos Monica Aparecida Rodrigues Calheiros e o marido, José Jefferson Calheiros de Medeiros. Ela vendeu uma arma para Suzana Marcolino.
Segundo ela, na época, “em qualquer esquina se achava venda de arma” e ela vendeu a arma por R$ 250 para que a ex-namorada de PC praticasse tiro.
Segundo o juiz, lendo os autos, a arma foi vendida por R$ 350 e paga com um cheque. “Ela foi lá pra comprar a arma e pediu para testar”, afirmou a testemunha.
Lourinaldo Santos de Castro, amigo de um dos réus, Reinaldo, falou ao júri por poucos minutos e disse que o colega não é violento. Ronaldo Plácido Santiago, arrolado pela defesa do réu José Geraldo e camareiro da casa de praia de PC Farias, comentou sobre o comportamento de Suzana Marcolino, dizendo que ela não era “mandona” e aparentemente era aceita pela família pelo empresário.
Irene Maria da Silva França, cozinheira da casa, disse que PC faria o jantar da noite do crime para terminar o relacionamento com Suzana, porque eles estavam brigando muito. "E eu disse que ele tinha o que fazer o que era melhor, já que eles estavam brigando muito", afirmou.
Familiares de réus acompanharam o julgamento com Bíblias no colo (Foto: Jonathan Lins/G1)
Zélia Maciel de Souza, prima com quem Suzana Marcolino teria comprado a arma, não compareceu, e o juiz determinou a expedição de um mandado de condução coercitiva, para que ela fosse localizada e trazida ao plenário.
Ingrid Farias, filha de PC Farias, foi a última a
depor no segundo dia de julgamento do caso
PC Farias. (Foto: Jonathan Lins/G1)
Última a prestar depoimento, Ingrid Farias, filha de PC Farias, disse que tinha 14 anos quando perdeu a mãe e 16 anos quando perdeu o pai. Morando na Suíça à época, ela diz que conheceu Suzana Marcolino e que, pouco antes do crime, ouviu do pai que ele “queria acabar porque não estava muito feliz”.depor no segundo dia de julgamento do caso
PC Farias. (Foto: Jonathan Lins/G1)
Joaquim de Carvalho, jornalista e então repórter da revista ‘Veja’, falou sobre uma reportagem cuja capa era “Caso encerrado”. Ele foi interrompido por diversas vezes pelo juiz: “O senhor veio aqui para narrar fatos, não opiniões”, afirmou Maurício Breda.
O jornalista disse que não teve contato com PC Farias e que entrevistou Augusto em uma “entrevista coletiva”. Ele também afirmou que não teve acesso ao laudo em papel do médico-legista Badan Palhares.
Ainda segundo o jornalista, ele escreveu sobre a suposta amante de PC Farias porque o diretor da revista o tinha Farias como “fonte” e teria a informação de que o empresário estava com uma “novidade do coração”. “Loira.”
Durante o depoimento, o juiz e o advogado dos réus, José Fragoso Cavalcanti, discutiram e levantaram a voz. Maurício Breda afirmou que a testemunha continuava dando opiniões. Fragoso afirmou que o juiz vinha incessantemente cerceando a defesa.
Enfrentam o banco dos réus os seguranças de PC Farias: Adeildo Costa dos Santos, Reinaldo Correia de Lima Filho, Josemar Faustino dos Santos e José Geraldo da Silva. Eles respondem em liberdade. (Saiba mais sobre os quatro réus)
1º Dia
Duas testemunhas prestaram depoimento. O primeiro foi funcionário na casa de praia onde PC e a namorada foram encontrados mortos.
Policiais militares acusados no caso PC Farias
demonstram cansaço ao final do primeiro dia
de júri (Foto: Jonathan Lins/G1)
Leonino Tenório de Carvalho, que hoje é jardineiro no mesmo local, afirmou aos jurados que não permaneceu na casa no dia do crime durante a noite e que somente viu os corpos pela manhã, mas que, quando chegou ao local, dois dos policiais acusados já estavam lá.demonstram cansaço ao final do primeiro dia
de júri (Foto: Jonathan Lins/G1)
A testemunha disse que ele, o garçom e os seguranças arrombaram a janela do quarto onde o casal estava e que chegaram a mexer no corpo de PC, mas não no de Suzana. Ele afirmou ainda que, dias depois do crime, o colchão foi queimado porque já estava exalando odor.
Juiz questiona o garçom Genival França, segunda
testemunha a depor na sala do Tribunal do Júri do
Fórum de Maceió (Foto: Jonathan Lins/G1)
Em seguida, o garçom Genival da Silva França falou por três horas. Ele afirmou não ter ouvido os disparos, mesmo tendo dormido na casa do caseiro. Ele serviu o jantar a PC Farias, o irmão Augusto Farias com a namorada 'Milene', e Suzana Marcolino. O funcionário disse também que presenciou mais de uma briga entre PC e Suzana.testemunha a depor na sala do Tribunal do Júri do
Fórum de Maceió (Foto: Jonathan Lins/G1)
O juiz Maurício Breda questionou o garçom sobre se os irmãos de PC Farias estariam interessados apenas no dinheiro do empresário. Ele respondeu que não percebia esse comportamento, assim como não ouviu nenhuma discussão entre PC e Suzana na noite do crime.
As testemunhas responderam a perguntas feitas pelo juiz, pelo promotor e pela defesa. Os jurados também fizeram perguntas, de maneira um pouco diferente do que ocorre em sessões do júri, falando ao juiz pelo microfone. Normalmente, o jurado escreve a pergunta, que é lida pelo juiz.
PC Farias foi tesoureiro de campanha do ex-presidente Fernando Collor de Mello em 1989 e, à época do assassinato, respondia em liberdade condicional a diversos processos, entre eles sonegação fiscal, falsidade ideológica e enriquecimento ilícito. Ele foi encontrado morto ao lado da namorada na casa de praia de sua propriedade. (Veja a cronologia em vídeo)
Os PMs que o encontraram eram responsáveis pela segurança particular de PC Farias.
Segundo a Promotoria, eles agiram por omissão, porque estavam presentes na cena do crime, mas relataram não ter ouvido os tiros e não impediram as mortes.
Inicialmente, a morte foi investigada como crime passional. Perícia preliminar do legista Badan Palhares, então da Universidade de Campinas (Unicamp), apontou que Suzana teria assassinado o namorado por ciúmes e depois se suicidado. Esta também foi a tese alegada pelos PMs.
acompanhar julgamento (Foto: Pedro Triginelli/G1)
“As provas são claras”, afirmou Sanguinetti em entrevista ao G1. “Ele [PC] foi arrumado na cama. A posição dele não compactuava com o trajeto para que ele recebesse o tiro na cama.” (Veja a entrevista com o perito)
Com base no novo laudo, em 1999, a polícia chegou a indiciar o deputado Augusto Farias, irmão de PC Farias, como autor intelectual dos crimes. Ele negou envolvimento e o Supremo Tribunal Federal mandou arquivar o inquérito em 2002, por falta de provas. Desde então, não há suspeita de quem tenha sido o mandante dos assassinatos.
Absolvição
A defesa dos seguranças confia na completa absolvição dos seguranças. Entre as testemunhas arroladas para falar no julgamento estão o perito Badan Palhares e Ingrid Farias, filha de PC Farias, que deve afirmar que o pai não queria mais o relacionamento com Suzana.
Paulo e Ingrid, filhos do empresário Paulo César
Farias, durante o velório do pai, em 1996
(Foto: Juca Varella/Folhapress)
Augusto César Farias, irmão de PC, e Cláudia Dantas, mulher pela qual o empresário deixaria Suzana, devem reforçar a tese.Farias, durante o velório do pai, em 1996
(Foto: Juca Varella/Folhapress)
Ao todo, devem ser ouvidas 8 testemunhas de acusação e 19 de defesa. Encerrada essa fase, começa o interrogatório dos réus, que têm o direito de permanecer em silêncio. Nesse caso, o silêncio não significa confissão. Também não é permitido que o réu fique algemado, exceto se comprovada a necessidade. Entenda como funciona o júri popular
Por fim, os jurados se reúnem na sala secreta, o que deve ocorrer apenas na sexta-feira (10) para proferir o veredicto do caso. Com base nele, culpado ou inocente, o juiz vai redigir a sentença e dosar a pena, se houver condenação, ou o alvará de soltura, se determinada a absolvição.
publicidade
Nenhum comentário:
Postar um comentário