Documento feito por capitão da cidade era contra roubos a residências.
Comando da PM na capital afirma que carta foi 'deslize de comunicação'.
O comando da Polícia Militar em Campinas (SP) deixou vazar uma mensagem enviada à equipe do bairro Taquaral, com uma ordem determinando a abordagem focada em "indivíduos da cor parda e negra". O pedido, assinado pelo capitão Ubiratan de Carvalho Góes Beneducci, foi enviado no fim de dezembro e valeu até esta segunda (21). A PM classifica o episódio como "deslize de comunicação".
A ordem do capitão pede a intensificação do policiamento em ruas próximas ao Colégio Liceu aos sábados das 11h às 14h, "focando em abordagens a transeuntes e em veículos em atitude suspeita, especialmente indivíduos de cor parda e negra com idade aparentemente de 18 a 25 anos".
Segundo o porta-voz da PM em São Paulo, o capitão Eder Antonio de Araújo, as características citadas na ordem do comando foram baseadas em uma carta enviada por moradores da região, que descreviam um grupo que praticava roubos a residências naquelas imediações.
"A forma como foi colocada a ordem de serviço, ela generaliza. Ela não tem uma ação específica", disse Edna Almeida Lourenço, integrante do movimento negro e fundadora da entidade Força da Raça Campinas. Na avaliação dela, a mensagem deveria informar, também, outras características dos suspeitos.
'Deslize de comunicação'
Para Araújo, a mensagem não tem teor racista. Ele afirma que o caso pode ser considerado um "deslize de comunicação". "O documento foi escrito de forma descuidada e com informações descontextualizadas. A partir do momento em que foi constatado, o caso foi imediatamente corrigido", disse Araújo.
De acordo com o oficial de São Paulo, duas pessoas com as características descritas foram presas no período em que a patrulha foi intensificada. A PM informou que, inicialmente, não pretende punir o autor da mensagem e que não será aberta sindicância para apurar o caso.
No exterior
Nos Estados Unidos há uma polêmica de casos de policiais que decidiram investigar pessoas por causa da etnia, raça ou religião. O ‘racial profiling’, como esse tipo de discriminação é chamado em inglês, tomou força após 2001 quando ocorreram os ataques terroristas no país e grupos específicos passaram a ser mais visados nas investigações. No mesmo ano, o ex-presidente George W. Bush chegou a se pronunciar contra a prática.
Ordem de serviço enviada pela Polícia Militar em Campinas (Foto: Reprodução EPTV)
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