A TV Paraíba teve acesso aos dez depoimentos dos suspeitos de participação nos estupros de cinco mulheres e mortes de duas durante uma festa em Queimadas, na Paraíba, no domingo (12). As declarações dos sete adultos e três adolescentes revelam como o crime foi planejado e qual seria o papel de cada um dos envolvidos na ação.
Segundo um dos suspeitos, o grupo foi convidado por dois irmãos que seriam os donos da casa onde acontecia um churrasco em comemoração de aniversário. Um deles teria o objetivo de "presentear" o irmão com mulheres. Conforme o depoimento, um dos donos da casa armou uma abordagem para "ficar" com as mulheres à força. No sábado (11), ele teria pedido uma motocicleta emprestada a outra pessoa e saído para comprar cordas e lacres de plástico, conhecidos como enforca-gato.
Quando o grupo entrou na casa, simulou um assalto. A professora Isabela Pajuçara Frazão Monteiro, de 27 anos, teria visto um dos agressores e chegou a gritar pedindo para não ser estuprada.
“Todos estavam ingerindo bebida tranquilamente, ate que meia hora depois chegaram encapuzados e portando armas de fogo. (…) Os quatro abriram o portão que estava encostado e logo entraram, fechando o portando e dizendo: 'ninguém reage senão morre'”, relata o depoimento.
Ainda no documento, um dos suspeitos revela os pedidos de Isabela, que reconheceu o agressor e pediu para não ser estuprada. "Tanto que eu fiz por você! Não faça isso não! Pare, minha mãe não aguenta isso não”.
A decisão de matar Isabela e a amiga, recepcionista Michele Domingues da Silva, de 29 anos, teria sido tomada pelo organizador da festa depois que elas reconheceram os envolvidos. No depoimento, o suspeito se refere a Isabela Pajuçara pelo apelido, Ju.
"[nome do suspeito] parou a Strada, foi até a caçamba e atirou várias vezes em Ju; na caminhonete não estava Michele e Ju morreu lá no mesmo local; perguntei por Michele e ele disse que ela tinha pulado da caminhonete e ele teve que parar e atirar na mesma”, descreve um dos presos.
Irmãos se defendem
Em depoimento, o homem apontado como mentor intelecutal de toda a ação continuou negando as mortes e os estupros. Ao ser interrogado, ele manteve a primeira versão prestada no domingo à delegacia de Queimadas, de que homens armados teriam invadido a festa e feito todos reféns, amordaçando as mulheres e levando R$ 5 mil em dinheiro. Já o irmão dele, que seria 'presenteado' conforme depoimentos dos demais suspeitos, assumiu que participou dos estupros, mas disse não saber como as mulheres morreram, nem ter visto o irmão praticar qualquer tipo de ação.
Suspeitos estão isolados
As investigações são conduzidas pela delegada Cassandra Duarte, da Delegacia de Homicídios da Polícia Civil de Campina Grande. Por questão de segurança, os adultos foram transferidos para a penitenciária de segurança máxima PB1, localizada em João Pessoa, onde são mantidos em um setor separado por cinco dias e depois serão integrados ao convívio com os demais detentos. Já os adolescentes tiveram a internação decretada na quarta-feira (15) e estão em um abrigo provisório em Lagoa Seca, cidade vizinha a Campina Grande
Nenhum comentário:
Postar um comentário