quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Juíza assassinada mandaria prender comandante de batalhão

A juíza Patrícia Acioli, assassinada em agosto em Niterói, juntava elementos para mandar prender o então comandante do 7° BPM (São Gonçalo), tenente-coronel Cláudio Luiz Oliveira, por suspeitas de execução e envolvimento com corrupção, afirmou nesta terça-feira o delegado Felipe Ettore, titular da Divisão de Homicídios e responsável pelo caso.

Oliveira e outros nove integrantes do Grupo de Ações Táticas do batalhão à época são acusados de matar a juíza. Três deles já estavam presos e os demais foram presos nesta terça-feira. Acusado de ser o autor intelectual do crime, o tenente-coronel também foi detido. "A juíza estava no encalço do comandante e ele lançou mão deste artifício (assassinato) para se livrar da prisão", disse Ettore, durante coletiva no Tribunal de Justiça do Rio.


O tenente-coronel está detido na sede do batalhão de choque da PM e deve ser transferido ao presídio de Bangu 8. Antes de ser preso, estava no comando do 22° BPM (Maré), localizado em uma das áreas de maior criminalidade do Rio. Segundo o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, a atuação do tenente-coronel indicava bons índices na redução da criminalidade. Beltrame negou que houvesse suspeitas em relação a Oliveira antes da morte da juíza, mas admitiu que a corregedoria da instituição poderia ter se adiantado à suspeita.

"As corregedorias são um pouco reativas. Isso não é no Rio. Trabalham depois do fato. Pune, e pune bem, mas somente depois da ocorrência. O que se procura fazer é com que a corregedoria passe a se antecipar", disse Beltrame. O secretário disse ainda que o comandante geral da PM, coronel Mário Sérgio Duarte - afastado por problemas médicos -, segue firme no cargo. Beltrame garantiu que as investigações continuarão com transparência. "No momento em que houve as investigações, o comandante (Oliveira) foi imediatamente afastado e isso vai acontecer com qualquer um que não atue corretamente independente do cargo", afirmou.

Segundo Beltrame, a transferência do ex-comandante a Maré fez parte de uma manobra rotineira de troca de comando. Ele negou que, diante da visibilidade do batalhão, a transferência tenha sido uma promoção. "Não é promoção. Fez parte de uma ação onde nós trocamos vários batalhões. O 22° ficou em segundo lugar no índice de criminalidade". (Oliveira) "foi remanejado junto com uma série de outros comandantes", disse.

A chefe de Polícia Civil, Martha Rocha, afirmou que as investigações serão concluídas em 15 dias. Segundo ela, 380 armas do batalhão de São Gonçalo foram periciadas para averiguar se os tiros disparados contra Patrícia partiram de alguma delas. Contudo, só divulgará o resultado da perícia quando a investigação foi concluída.

Juíza estava em "lista negra" de criminosos

A juíza Patrícia Lourival Acioli, da 4ª Vara Criminal de São Gonçalo, foi assassinada a tiros dentro de seu carro, por volta das 23h30 do dia 11 de agosto, na porta de sua residência em Piratininga, Niterói, na região metropolitana do Rio de Janeiro. Segundo testemunhas, ela foi atacada por homens em duas motos e dois carros. Foram disparados mais de 20 tiros de pistolas calibres 40 e 45, sendo oito diretamente no vidro do motorista.

Patrícia, 47 anos, foi a responsável pela prisão de quatro cabos da PM e uma mulher, em setembro de 2010, acusados de integrar um grupo de extermínio de São Gonçalo. Ela estava em uma "lista negra" com 12 nomes possivelmente marcados para a morte, encontrada com Wanderson Silva Tavares, o Gordinho, preso em janeiro de 2011 em Guarapari (ES) e considerado o chefe da quadrilha. Familiares relataram que Patrícia já havia sofrido ameaças e teve seu carro metralhado quando era defensora pública.
FONTE :http://www.jb.com.br/rio/noticias/2011/09/27/juiza-assassinada-mandaria-prender-comandante-de-batalhao/

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