quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Juíza assassinada: depoimento de policial expõe máquina de corrupção e crimes do batalhão de São Gonçalo

O depoimento do policial que incriminou o ex-comandante do batalhão de São Gonçalo, desde ontem apontado pela polícia como mandante da morte da juíza Patrícia Acioli, expõe crimes para além do assassinado da magistrada. O cabo da PM, preso por ter executado o crime, expôs o mecanismo de corrupção que, segundo ele, era comandado pelo tenente-coronel Cláudio Luiz Silva de Oliveira. Na tarde de terça-feira, o delegado Felipe Ettore, da Divisão de Homicídios da Polícia Civil do Rio, afirmou que Oliveira sabia que seria preso “mais cedo ou mais tarde”, e tramou a morte de Patrícia Acioli para interromper as investigações sobre o seu grupo.

Trechos do depoimento do cabo, publicados nesta quarta-feira pelo jornal O Globo, revelam detalhes da forma como Oliveira atuava. O ‘braço direito’ do comandante era o tenente Daniel Benitez. Segundo o cabo, Benitez “comandava a divisão do espólio” – ou seja, o dinheiro, os pertences, armas e o que mais de valor era encontrado em poder de traficantes. Benitez, segundo o policial, atuava a mando de Oliveira. O denunciante informou ainda que há um outro policial envolvido no planejamento do crime: um PM do 12º BPM (Niterói) levou Benitez até a casa de Patrícia para tramar a sua morte.

Benitez, segundo o policial, também foi quem apresentou ao grupo a ideia de matar Patrícia Acioli. O policial que prestou depoimento aceitou o mecanismo da delação premiada, que pode reduzir a pena em caso de condenação. Ele confessou que, com Benitez, efetuou os disparos que mataram a juíza, na noite de 11 de agosto, em Piratininga.

A confirmação do conteúdo do depoimento do cabo será um tiro pela culatra no plano dos policiais que tentaram calar Patrícia Acioli. O objetivo, acreditam os investigadores, era tirá-la de combate e manter a máquina de corrupção e desmandos de uma turma de policiais envolvidos com o crime no batalhão de São Gonçalo. A partir da morte da magistrada, descobriu-se não o grupo que forjava autos de resistência e se beneficiava do tráfico de drogas foi também capaz de atentar contra autoridades.

Até a descoberta do envolvimento de Oliveira, tinha-se, pelo menos publicamente, a ideia de que a prisão de um pequeno grupo de policiais isolava as ‘frutas podres’ do resto do 7º BPM e de toda a Polícia Militar. Para convencer a população, agora, será preciso ir a fundo na investigação sobre os crimes e os criminosos ligados ao ex-comandante Oliveira.
Fonte:ttp://veja.abril.com.br/noticia/brasil

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