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Em oportunidade recente, advinda da leitura de um jornal paulista, tive a grata surpresa em saber do andamento avançado em que se encontra o projeto da UNIVESP – Universidade Virtual do Estado de São Paulo. A sua criação ocorreu pela força do Decreto no 55.536, de 9 de outubro de 2008, com o propósito de expandir o ensino superior público, por meio da ampliação do número de vagas nas principais universidades do Estado: USP, Unicamp e Unesp. Destaco o pronunciamento do então Governador de São Paulo, Dr. José Serra, que disse: "Hoje é um dia histórico. Nós estamos dando um ponto de - Pioneiro em TICs aplicadas em EAD
Prof. Dr. OTHON BASTOS
partida, um avanço em matéria de qualidade, de difusão do ensino superior de São Paulo. Será um marco na história do ensino em nosso Estado e no Brasil".
Como não poderia deixar de ser diferente, pelo entendimento da proposta do ensino virtual pelas universidades paulistas, e em decorrência da paixão que tenho por esse novo modelo educacional, fui tomado pela emoção da alegria e de muita felicidade.
A emoção foi acentuada ao ver que a Unicamp, Universidade onde cursei minha pós-graduação e conquistei os graus de Mestre e Doutor, tinha entendido e aderido ao modelo que hoje se afirma, cada vez mais, como o do melhor de se fazer uma universidade atual e moderna para o nosso País. Neste particular, briguei muito e continuo brigando tanto para que se tenha uma consciência nacional dessa verdade: estamos vivenciando um novo modelo educacional.
Foi daí que veio a idéia de anunciar aos quatro cantos do nosso País, que o nosso querido Estado do Maranhão foi precursor em várias ações governamentais neste sentido. Este pioneirismo colocou o nosso Maranhão em destaque no Ensino e em Programas nacionais, que aplicaram com pioneirismo as TICs (Tecnologias da Informação e da Comunicação) na metodologia para a educação a distância (EAD).
Lembro, ainda, que publiquei um artigo intitulado “Ensino a Distância (EAD): avanço ou retrocesso?”, em 26 de junho de 2010, no Jornal Pequeno, com o intuito de rever a História da EAD eletrônica, em nível nacional. No Maranhão, o primeiro projeto que trouxe esta proposta foi iniciado em dezembro de 1969, com o advento da TVE (Televisão Educativa). A aplicação desse método de ensino, revolucionário para a época, deu-se mediante a premente necessidade de ampliar, significativamente, o número de vagas nas escolas públicas, visando superar o déficit na escolarização do Ensino Médio.
Outra iniciativa em EAD oriunda do nosso Estado, que pode ser considerada como de avanço neste sentido, foi a primeira reunião de técnicos em EAD, pertencentes às Universidades Federais, realizada no Hotel Praia Mar, que resultou no primeiro Consórcio Interuniversitário: a Universidade Virtual Pública do Brasil (UniRede), em dezembro de 1.999. A proposta era a de criar uma política de estado visando a democratização do acesso ao Ensino Superior Público, gratuito e de qualidade. O documento de criação da UniRede trazia, em seu primeiro parágrafo, o seguinte texto: “Os representantes das 18 universidades presentes à I Reunião da Universidade Virtual Pública do Brasil, nos dias 2 e 3/12 em Brasília, UnB, estão conscientes de que já é hora do sistema público de ensino superior ocupar e ampliar seu espaço, partindo para uma ação arrojada, inovadora, responsável e concreta, como resposta às desigualdades e injustiças no campo da Educação Superior.”
Em 2003, foi sancionada a Lei de Criação da Universidade Virtual do Estado do Maranhão (UNIVIMA), portanto, bem antes da UNIVESP. O objeto principal era o de implantar uma instituição destinada ao ensino superior, pesquisa e extensão, destinada a atender de forma ágil, eficiente, moderna, pontual e com qualidade, os Pólos de Desenvolvimento em nosso Estado.
Esta iniciativa educacional serviu de embrião para a instalação do Projeto Experimental da Universidade Aberta do Brasil, hoje, a meu ver, a melhor proposta que temos para o ensino superior. A tentativa de termos a primeira Universidade Pública Corporativa, foi ajustada entre as Universidades Públicas do Maranhão: UNIVIMA, UEMA, UFMA, o CEFET - atual IFMA-, o Banco do Brasil e o MEC.
No primeiro encontro ficou estabelecido que a Univima disponibilizasse sua tecnologia e a plataforma digital; a UEMA se responsabilizasse pela didática do Curso de Administração (curso-piloto); o CEFET ficasse com a tarefa de formatar as linhas curriculares do Curso no estado e a UFMA atuasse como Coordenadora do Projeto, por representar o MEC em nosso Estado.
Segundo o Coordenador de Graduação do Banco do Brasil, da época, Ruy Silva, “o projeto Universidade Aberta era uma iniciativa do Ministério da Educação (MEC) juntamente com o Banco do Brasil, para se graduar e qualificar todo setor público brasileiro, público-alvo do projeto. O MEC responderá pelas questões institucionais e o Banco entrará com o recurso”, afirmou o Sr. Coordenador.
Ruy Silva acrescentou, ainda, naquela época, repito, que – “a idéia da Universidade Aberta Brasileira é chegar onde não possui ensino público de graduação. A Universidade Aberta - A UAB - é um projeto criado pelo Ministério da Educação (MEC), empresas estatais e Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes). Visa à oferta de cursos e programas de educação superior à distância. O projeto funcionará, num primeiro momento, com cursos a distância de Administração (curso-piloto) nos estados do Pará, Maranhão, Rio Grande do Sul, Ceará, Mato Grosso e Santa Catarina. Serão cerca de 16 Pólos em cada estado, que permitirão o acesso à educação superior. A idéia é oferecer, inicialmente, três mil vagas no país, 600 por região, no intuito de atender funcionários de estatais e professores sem graduação. O processo seletivo está previsto para janeiro de 2006, com provas de português, matemática e conhecimentos gerais. As aulas têm início em março”.
A intenção com a reprodução das publicações e pronunciamentos, neste texto, é a da preservação da História da EAD no Maranhão e da UAB no Brasil.
Para finalizar, trago o pronunciamento do Reitor da Universidade de Stanfort (EUA), Gerhard Casper, ocorrido em palestra sobre o futuro da universidade, no 8o. Colóquio da Universidade de Estado do Rio de Janeiro (UERJ), sobre o fim do modelo tradicional de ensino adotado nas universidades brasileiras, visando somente uma discussão acadêmica sobre o modelo que utiliza as TICs no Ensino: “As atuais bibliotecas deverão ser totalmente substituídas, nos próximos anos, por “arquivos virtuais”. “Acredito que esse modelo de ensino baseado no método de Bolonha, com alunos sentados à frente de professores, tende a desaparecer nas próximas duas décadas”.
Por tudo isto não esqueça o que nos ensinam os pedagogos: A Universidade que desejamos tem que ser, sempre, o grande agente renovador do conhecimento humano e do desenvolvimento social.
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