segunda-feira, 17 de junho de 2013

'Era muito difícil respirar', relembra o nigeriano que sobreviveu a naufrágio


Harrison Okene sobreviveu preso em uma câmara submersa a 30 metros de profundidade, sem água potável, sem comida e sem luz durante 60 horas.

A história fantástica de um homem encontrado vivo dentro de um barco que afundou na costa da Nigéria. Único sobrevivente do naufrágio, Harrison Okene ficou quase três dias sem água potável, sem comida e sem luz, preso a 30 metros de profundidade
“Sorte é pouco. Sorte de aquele ar ficar contido naquela câmara, naquele isolamento, da água não ter entrado, de ele ter condições de respirar durante 60 horas praticamente”, avalia o médico especialista em afogamentos David Szpilman, presidente da Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático.
Um caso que surpreende até médicos especializados nesse tipo de resgate.
“Se ele ficasse mais um dia, talvez ele não estivesse aí para contar o que ele passou, essa história”, diz David.
Harrison Okene trabalhava como cozinheiro em um rebocador que levava 12 homens a uma plataforma de petróleo próxima à cidade de Warri, na Nigéria.
Ele contou que na madrugada de 29 de maio, fortes ondas afundaram a embarcação, a aproximadamente 30 quilômetros da costa.
O cozinheiro foi arrastado até um banheiro de pouco mais de um metro quadrado, onde por sorte havia um bolsão de ar. E foi esse ar que salvou a vida dele.
Mas como isso é possível? O físico Daniel Micha explica. Ele faz uma simulação com um aquário e mostra como.
“O nigeriano pôde sobreviver dentro de uma bolha de ar, o ar se manteve lá dentro e ele continuou respirando”, explicou o físico.
Por telefone conversamos com Harrison. Ele explicou a sensação de ficar preso no navio naufragado: “Não dava pra ver absolutamente nada, e era muito difícil respirar”, relembrou Harrison.
Além da quantidade limitada de oxigênio, Harrison enfrentou outros problemas.
“Ele tinha que se manter aquecido, porque a baixa da temperatura aumentaria o consumo de oxigênio e levaria ele a um torpor, a uma perda da consciência, o que poderia levá-lo à morte”, explica o médico especialista em afogamentos David Szpilman.
O nigeriano usou pedaços do forro da parede para boiar.  Assim, ele não ficou o tempo todo imerso na água gelada. Mas o sal do mar abriu feridas na pele e boca do cozinheiro.
Depois de 60 horas sem comida e sem água potável, Harrison ouviu barulhos no casco do barco.
Eram mergulhadores que haviam descido até o rebocador. O cozinheiro, já bastante desidratado e debilitado, bateu na parede para chamar a atenção. A equipe de resgate se surpreendeu ao encontrá-lo vivo.
O nigeriano ainda ficou mais 60 horas numa câmara de descompressão, para evitar sequelas.
Harrison contou que ainda está em tratamento para se recuperar do trauma.
“O resgate foi feito maravilhosamente bem, na hora certa, no momento certo e da forma certa”, diz David Szpilman.

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