segunda-feira, 6 de julho de 2015

Conselho aos cegos surdos e inebriados pelo poder

14º Domingo Comum - Acreditar nos humildes servidores de casa, e não nos prepotentes messias (Mc. 6, 1-6)






Os sentimentos humanos, frequentemente, são algo indecifrável. Incompreensíveis. Eles não obedecem à razão. Aparecem sem que os desejamos e os programamos. É o puro sentir! Muitas vezes resistimos, pois não gostaríamos de sentir o que brota do nosso interior. Mesmo assim eles afloram, e irrompem no nosso ser de forma descontrolada. São sentimentos de afeto e de ternura, mas também de ódio e de raiva. De compaixão e amor, mas também de indiferença e de desamor. São sentimentos de perdão e compreensão, mas também de rancor e de inveja. Não é fácil controlá-los e canalizá-los para algo positivo. Todo humano faz a experiência disso, embora nem todo humano se deixe dominar pela tempestade de sentimentos que emergem dentro dele. Os moradores de Nazaré são um exemplo paradigmático. Marcos descreve o fato de forma enxuta, sem embelezar e decorar o texto. Deixa claro que Jesus ao voltar a Nazaré, após a sua experiência luminosa do rio Jordão, encontra por parte de seus patrícios, uma forte desconfiança que se transforma logo em rejeição. Jesus parece ter voltado mais consciente, mais brilhante, mais ousado. Quase irreconhecível aos olhos deles. Provavelmente, Jesus para eles, antes do batismo no Jordão, era um mero participante do culto, como qualquer um. Um freguês tranqüilo, mas longe de ser um pregador e profeta cheio de luz que ocupa o lugar dos ‘mestres’.


No coração da população local aparecem os mais turvos sentimentos que cegam a razão e tornam as pessoas agressivas com desejo de anular o outro. Eles se perguntam se Jesus, afinal, é igual a eles, e por eles conhecido, por que ele fala, agora, com tanta propriedade? No fundo se perguntam por que eles não conseguem fazer o mesmo. A inveja se transforma em intolerância. Em lugar de se alegrarem porque uma pessoa conhecida voltou mais sábia, mais firme e mais consciente em sua fé, eles o vêem como um usurpador. Como se estivesse que ocupar sempre o seu lugar e nunca mudar. Começam a debochar dele e a desafiá-lo. Afinal, ‘tem que se catar’ e ocupar o lugar de sempre. A situação de sempre. Eles não aceitam que Jesus se sobressaia, que mude de vida e perspectiva! Assim agimos nós no nosso cotidiano, inclusive na nossa casa e na nossa comunidade. Aceitamos como verdade absoluta a versão fajuta que vem dos de fora, e acusamos de impostor o que celebra e reza conosco. Preferimos celebrar o sucesso de alguém desconhecido a nos alegrar porque um nosso irmão ou irmã conseguiu vencer na vida, e hoje é uma pessoa nova, segura de si, e livre. Convertida. Preferimos os messias prepotentes e arrogantes que não conhecemos aos messias humildes e anônimos que temos dentro de casa. Preferimos a mentira que divide e machuca dos de fora a ter que acolher a verdade que constrói dos de casa. É mesmo verdade: ninguém é profeta em sua casa, principalmente entre os seus, mas a mudança de coração é possível. Nós queremos acreditar nisso!


http://padrebombieri.blogspot.com.br/

A chamada do texto é criação do editor do blog ,o texto é da referencia acima citada

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