quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Petrobras: o mercado (mundo empresarial) também é corrupto

01. NUNCA ANTES NESTE PAÍS um escândalo (com resultados e desdobramentos políticos absolutamente imprevisíveis) mostrou com maior impacto e magnitude as vísceras das imperfeições da nossa organização social e empresarial. É preciso dizer com todas as letras: apesar dos progressos, com poucas exceções, os humanos chamados de brasileiros, de todas as classes sociais, somos ainda animais pouco domesticados (como diria Nietzsche). Isso, no entanto, não nos livra dos nossos deveres e das nossas responsabilidades (tema que abordarei em outro artigo). Os críticos que censuram o PT dizem que ele primeiro aparelhou os entes sociais (universidades, movimentos sociais, imprensa etc.), depois veio o aparelhamento do Estado, sob o império do discurso ético, para se chegar, no final, ao mundo dos “negócios” fraudulentos, visando à manutenção do poder. Os situacionistas se defendem e dizem que a corrupção é cultural, que em todos os governos sempre houve fraudes, que agora, pelo menos, os conluios são investigados e punidos, que a Petrobras nunca mais será a mesma, que o Brasil será um país melhor etc.

02. O que ambos os lados não dizem? Que os governos, os partidos, os políticos e outros agentes públicos (com poucas exceções) historicamente sempre se juntaram a agentes econômicos gananciosos (financiadores de campanhas, sobretudo) bem como a agentes financeiros inescrupulosos para formarem, numa espécie de troyka maligna, o crime organizado mais poderoso do país. Não existiria o Estado corrupto na proporção de hoje se não houvesse um mercado (um mundo empresarial e financeiro) composto também de gente sem qualidade (sempre pronta para facilitar seus negócios e seus lucros por meio das famosas propinas). Considerando-se que o mercado (mundo empresarial e financeiro) sempre imputa a corrupção ao Estado e seus agentes, parece muito pertinente esclarecer que esse mundo poderoso não é composto de santos inocentes.

03. Mesmo sem saber os efeitos políticos do escândalo, a cada dia fica mais evidente o delicadíssimo estágio em que nos encontramos, posto que chegou a hora de decidirmos para onde queremos caminhar: para a civilização ou para a definitiva barbárie. É sabido que os reiterados casos de corrupção (impeachment de Collor, anões do Orçamento, Sivam, compra de votos para a emenda da reeleição do FHC, Banestado, dossiê Cayman, as obras do Fórum Trabalhista de São Paulo, caso Celso Daniel, os mensalões tucano e petista, sanguessugas, operação Navalha, Castelo de Areia, Renangate, Pasta Rosa, caso Daniel Dantas etc.) assim como o recrudescimento dos vários crimes organizados nunca eliminarão o Brasil do mapa mundi. Resta, então, perquirir, mesmo sem se saber ainda o estrago político do “petrolão”, que rumo nosso país vai tomar: o da máfia ou o dos países civilizados.

04. Essa é nossa encruzilhada, que está a exigir decisões típicas dos grandes estadistas (assim como de sociedades conscientes, que sabem o que querem). A inércia da sociedade (regida pelo princípio da indiferença, aliada à satisfação consumista que está na base da alienação), neste momento, será fatal. Se não houver uma forte aliança entre a sociedade civil e os setores esfrangalhados minoritários do Estado que ainda resistem (heroicamente) à corrupção e à violência, o Brasil naturalmente se transformará em mais um grande país mafioso, o que significa o envolvimento do Estado não apenas com o crime organizado da corrupção (isso já acontece há muitos séculos), senão também com o da violência (do medo, da ameaça e da omertà – silêncio): assim ocorreu com a Sicília, na Itália (desde os séculos XVIII e XIX), assim está se sucedendo hoje com o maravilhoso e, ao mesmo tempo, castigado México. O Brasil, como laboratório, saberá seu destino em poucos meses ou anos: crime mafioso ou civilização (?)
Saiba mais:

05. Nosso modelo de organização social (extremamente desigual, corrupta, violenta, autoritária, leniente, ignorantista, parasitária e segregacionista) está na UTI. Sua morte é tão iminente quanto imperceptível. Quem vai lhe suceder? Quem sairá vitoriosa? A civilização ou a definitiva barbárie? Quatro grandes crimes organizados estão instalados no país: (1º) crime organizado dos poderes privados, que exploram especialmente a venda de drogas e são violentos (PCC, PGC, CV, Alcaeda, Narcotráfico dos morros do RJ etc.); (2º) crime organizado das milícias (exploram favelas e bairros pobres das cidades); (3º) crime organizado das partes podres das polícias (que praticam assassinatos, desaparecimentos, extorsão, roubos, sequestros e que também morrem amiúde) e (4) crime organizado bilionário, dos poderosos do colarinho branco, das fraudes e dos conluios licitatórios, que envolve a troyka maligna acima referida, que sempre se uniu em parceria público/privada para a pilhagem do patrimônio público (PPP-PPP = P6).

06. O que faltava para o reconhecimento público definitivo dessa troyka maligna aconteceu: num mesmo dia dezenas de executivos de potentes empresas foram presos e interrogados sobre propinas, financiamento de partidos, compra de políticos, licitações fraudulentas, enriquecimento ilícito, extorsões e tantas outras falcatruas e conluios que sempre foram do conhecimento de todos. Recorde-se: a propina sempre fez parte da nossa cultura. Ela, portanto, não constitui nenhuma novidade. O inusitado reside na prisão massiva dos acusados de serem pagadores das propinas, ou seja, na prisão dos donos do poder, cujas provas incriminatórias (ainda que precárias, por ora, porque não submetidas ao crivo do Judiciário) evidenciam que a corrupção não reside apenas nos palácios, nos governos e na administração pública (no Estado), sim, também no mundo do mercado (empresarial e financeiro), que semelhantemente é composto também de pessoas sem qualidades, integrantes de uma era moralmente niilista, que prioriza o consumo desregrado assim como os lucros desmedidos, desconsiderando-se completamente a natureza e os demais humanos, que vivem uma das piores crises de desumanização de toda sua história.

07. A cada inauguração de um novo regime (República Velha de 1889, República Nova de 1946 e redemocratização de 1985), a cada novo sistema constitucional democrático (como o de 1988), renovam-se as risonhas esperanças (muitas vezes ingênuas) de um Brasil melhor; enquanto isso os crimes organizados (privados e públicos) vão se estruturando (dentro e fora do Estado), os costumes vão se deteriorando, os controles vão se afrouxando e as tradições nefastas (da sociedade e do Estado) vão se solidificando. Não existe nenhum estudo detalhado da vida íntima e da moralidade de cada um dos nossos períodos históricos, mas não é impossível conjeturar com acendrado fundamento que em todos eles sempre aconteceram crimes e vícios (semelhantemente a todos os lugares). Cabe, no entanto, supor que tais crimes eram mais comedidos ou exercitados frequentemente nas sombras do mistério.

08. O que mudou no Brasil, incluindo-se o tempo da ditadura militar (1964-1984), passando por todos os governos da redemocratização (Sarney, Collor, Itamar, FHC, Lula e Dilma), foi o incremento do entrosamento criminoso entre os partidos (de todas as cores), os políticos (de todas as ideologias), os governantes e o mundo empresarial e financeiro, que nunca experimentaram rígidos controles das autoridades (posto que são os donos do poder!); ao contrário, sempre foram bafejados por poderosos incentivos; nas últimas décadas, para cúmulo da miséria, considerando-se a influência do crime político-empresarial em todas as relações civis, o que se nota é a prosperidade de todas as variedades do mal; os crimes e os vícios, no nosso país, já não se preocupam com a publicidade, posto que descarados; prosperam e ousam tudo, confiantes na impunidade, decorrente inclusive da proteção coletiva e recíproca dos partidos, que se entendem justamente no momento de abafar todos os malfeitos de capilaridade incomensurável; excitam-se com seus deploráveis exemplos e triunfam precisamente em virtude da frouxa resistência das autoridades, muitas vezes rebaixadas e sem forças morais. O descrédito da troyka maligna (agentes públicos + agentes econômicos + agentes financeiros mafiosos) é palpável, posto que sistemática a difamação dissolvente, contra a imoralidade pública e privada, que está unida para a pilhagem do patrimônio público.

05. Nosso modelo de organização social (extremamente desigual, corrupta, violenta, autoritária, leniente, ignorantista, parasitária e segregacionista) está na UTI. Sua morte é tão iminente quanto imperceptível. Quem vai lhe suceder? Quem sairá vitoriosa? A civilização ou a definitiva barbárie? Quatro grandes crimes organizados estão instalados no país: (1º) crime organizado dos poderes privados, que exploram especialmente a venda de drogas e são violentos (PCC, PGC, CV, Alcaeda, Narcotráfico dos morros do RJ etc.); (2º) crime organizado das milícias (exploram favelas e bairros pobres das cidades); (3º) crime organizado das partes podres das polícias (que praticam assassinatos, desaparecimentos, extorsão, roubos, sequestros e que também morrem amiúde) e (4) crime organizado bilionário, dos poderosos do colarinho branco, das fraudes e dos conluios licitatórios, que envolve a troyka maligna acima referida, que sempre se uniu em parceria público/privada para a pilhagem do patrimônio público (PPP-PPP = P6).

06. O que faltava para o reconhecimento público definitivo dessa troyka maligna aconteceu: num mesmo dia dezenas de executivos de potentes empresas foram presos e interrogados sobre propinas, financiamento de partidos, compra de políticos, licitações fraudulentas, enriquecimento ilícito, extorsões e tantas outras falcatruas e conluios que sempre foram do conhecimento de todos. Recorde-se: a propina sempre fez parte da nossa cultura. Ela, portanto, não constitui nenhuma novidade. O inusitado reside na prisão massiva dos acusados de serem pagadores das propinas, ou seja, na prisão dos donos do poder, cujas provas incriminatórias (ainda que precárias, por ora, porque não submetidas ao crivo do Judiciário) evidenciam que a corrupção não reside apenas nos palácios, nos governos e na administração pública (no Estado), sim, também no mundo do mercado (empresarial e financeiro), que semelhantemente é composto também de pessoas sem qualidades, integrantes de uma era moralmente niilista, que prioriza o consumo desregrado assim como os lucros desmedidos, desconsiderando-se completamente a natureza e os demais humanos, que vivem uma das piores crises de desumanização de toda sua história.

07. A cada inauguração de um novo regime (República Velha de 1889, República Nova de 1946 e redemocratização de 1985), a cada novo sistema constitucional democrático (como o de 1988), renovam-se as risonhas esperanças (muitas vezes ingênuas) de um Brasil melhor; enquanto isso os crimes organizados (privados e públicos) vão se estruturando (dentro e fora do Estado), os costumes vão se deteriorando, os controles vão se afrouxando e as tradições nefastas (da sociedade e do Estado) vão se solidificando. Não existe nenhum estudo detalhado da vida íntima e da moralidade de cada um dos nossos períodos históricos, mas não é impossível conjeturar com acendrado fundamento que em todos eles sempre aconteceram crimes e vícios (semelhantemente a todos os lugares). Cabe, no entanto, supor que tais crimes eram mais comedidos ou exercitados frequentemente nas sombras do mistério.

08. O que mudou no Brasil, incluindo-se o tempo da ditadura militar (1964-1984), passando por todos os governos da redemocratização (Sarney, Collor, Itamar, FHC, Lula e Dilma), foi o incremento do entrosamento criminoso entre os partidos (de todas as cores), os políticos (de todas as ideologias), os governantes e o mundo empresarial e financeiro, que nunca experimentaram rígidos controles das autoridades (posto que são os donos do poder!); ao contrário, sempre foram bafejados por poderosos incentivos; nas últimas décadas, para cúmulo da miséria, considerando-se a influência do crime político-empresarial em todas as relações civis, o que se nota é a prosperidade de todas as variedades do mal; os crimes e os vícios, no nosso país, já não se preocupam com a publicidade, posto que descarados; prosperam e ousam tudo, confiantes na impunidade, decorrente inclusive da proteção coletiva e recíproca dos partidos, que se entendem justamente no momento de abafar todos os malfeitos de capilaridade incomensurável; excitam-se com seus deploráveis exemplos e triunfam precisamente em virtude da frouxa resistência das autoridades, muitas vezes rebaixadas e sem forças morais. O descrédito da troyka maligna (agentes públicos + agentes econômicos + agentes financeiros mafiosos) é palpável, posto que sistemática a difamação dissolvente, contra a imoralidade pública e privada, que está unida para a pilhagem do patrimônio público


http://institutoavantebrasil.com.br/petrobras-o-mercado-mundo-empresarial-tambem-e-corrupto/

Nenhum comentário:

Postar um comentário